11 de março de 2025

Em busca da gentileza perdida

Por José Carlos Sá

Além de idosos, invisíveis (Imagem gerada por IA Artguru.AI)

Aprendi, quando criança, que no ônibus, ou em qualquer outro local onde estivesse sentado e chegasse alguém mais velho, era meu dever me levantar e ceder o lugar imediatamente.

Ainda sigo esse código de conduta, mesmo estando – tecnicamente – entre a classe dos idosos e sem poder ficar muito tempo em pé. Não importa; ainda assim me levanto para grávidas, pessoas com crianças no colo, idosos ou qualquer PCD.

O que observo no transporte coletivo, nas salas de espera e em qualquer espaço onde haja mais gente do que assentos disponíveis, é que nós, do chamado grupo prioritário, nos tornamos invisíveis para as pessoas de outras idades e condições.

Por sermos invisíveis, quem está sentado continua olhando fixo na tela do celular, absorto no que vê ali. Se estão ouvindo música ou louvor, olham para a paisagem, mas sem realmente enxergar. Antigamente fingiam que estavam dormindo.

Só quem percebe os velhos são os outros velhos. Quando embarca no ônibus um idoso mais fragilizado do que o passageiro já presente, este se levanta, cede o lugar e fica em pé até que alguém desembarque para que ele possa se sentar.

A invisibilidade se manifesta também em outros lugares, como ruas, shoppings e praias. As pessoas passam, esbarram sem pedir licença e seguem sem pedir desculpas.

E então faço a pergunta retórica: “Para onde caminha a humanidade?”

Certamente, não é em busca da gentileza perdida.

[Crônica XXXIV/2025]

Tags

Crônica Educação Gentileza Idoso Melhor idade 

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