30 de novembro de 2024

Imagens Sacras – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

A foto da escultura “A fuga para o Egito”, da Catedral de Florianópolis, é que figura na capa do livro (Reprodução do livro)

O livro “Imagens Sacras” (Edição do Autor, Florianópolis, 2024) é muito interessante e traz fotografias das imagens de dezenas de santas e santos da Igreja Católica, além de Jesus Cristo, e que foram colhidas em dezenas de países, em capelas, igrejas, museus e ao ar livre.

Santa Luzia – Imagem fotografada no Museu da Igreja de Santo Domingo de La Calzada/Espanha (Reprodução do livro)

No texto de apresentação do livro, a autora, fotógrafa e professora Catarina Maria Rüdiger, escreve que os artistas – escultores e pintores – que executaram as obra, o fizeram com a intenção tripla, de “reavivar a memória dos fatos históricos, conhecer a vida das pessoas representadas e permitir a contemplação”. 

A obra reúne, além das fotografias, pesquisas sobre as histórias das pessoas que foram canonizadas e das pinturas e esculturas propriamente ditas, como por exemplo a imagem do Senhor Jesus dos Passos, que veio parar em Desterro (atual Florianópolis) por obra do “acaso”. 

Senhor Jesus dos Passos – Capela Menino Deus, anexa ao Imperial Hospital de Caridade, Florianópolis/Brasil (Reprodução do livro)

onta a história que a imagem em madeira foi esculpida na Bahia e tinha como destino o Rio Grande dos Sul, mas o navio que a transportava, após uma escala em Desterro, na Ilha de Santa Catarina, encontrou condições meteorológicas adversas, especialmente um vento sul intenso, para continuar a viagem. Após três tentativas de zarpar, a imagem ficou aqui mesmo. Isso se passou em 1764 e dois anos depois surgiu o culto ao Senhor dos Passo e a festa é repetida todos os anos até o presente.

A padroeira das mal casadas e os santos brasileiros

Santa Liberata – Igreja de Santa Maria de Baiona/Espanha (Reprodução do livro)

Outra narrativa que achei interessante foi a de Santa Liberata, cuja imagem foi fotografada na Igreja de Santa Maria de Baiona, na Espanha. Vou reproduzir o que foi apurado por Catarina Rüdger: “Santa Liberata”, também conhecida como Vilgeforte. Foi a primeira mulher cristã que morreu na cruz, no século I, por professar a fé cristã. Sua hagiografia afirma que, para se livrar de um casamento indesejado, pôs-se em oração para ficar fisicamente repugnante, com isso cresceu barba em seu rosto e, ao descobrir isso, o próprio pai ordenou que ela fosse crucificada. É a padroeira das mulheres mal casadas e 20 de julho é a data que a Igreja celebra seu dia”.

São Miguel Arcanjo – Igreja Matriz de São João Evangelista, Biguaçu/ Brasil (Reprodução livro)

Já a imagem de São Miguel Arcanjo, datada do século 18 – que agora fica guardada na Igreja Matriz de Biguaçu (SC), sob uma redoma e monitorada por câmeras -, pertence à igreja de São Miguel, na antiga Freguesia de São Miguel Arcanjo da Terra Firme. A imagem foi furtada em 1979 e recuperada após 33 anos, mas não voltou mais ao lugar de origem, por falta de segurança.  

Também são retratadas as imagens dos santos e santas brasileiros, como São José de Anchieta (Padre Anchieta), Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (Frei Galvão), Santa Paulina e Santa [Irmã] Dulce.

“Imagens sacras” é um daqueles livros que se lê e guarda para ver de novo, pois as fotos reunidas mostram a beleza e as cores que os artistas reuniram para demonstrar a fé em coisas que não são terrenas, mas que sobrevivem na crença popular.