31 de julho de 2024

O passeio do elefante

Por José Carlos Sá

Quando eu era criança pequena em Teófilo Otoni e chegava um circo na cidade, a minha alegria era enorme. Em pé na calçada da casa da minha avó eu via o desfile de palhaços, anões e malabaristas em pernas-de-pau. Eu batia palmas, seguia os artistas até a próxima esquina e mais tarde perturbava minha mãe para nos levar às apresentações. 

Eu tentava repetir em casa alguns “truques” que eu via no circo, como o desse equilibrista (Crco Fantasy/Divulgação)

Fomos – meus irmãos e eu – várias vezes e era uma emoção que se renovava: as palhaçadas dos palhaços, as acrobacias que tentávamos imitar em casa, como aquela de se equilibrar em uma tábua sobre um tubo. Era queda na certa. 

Para os números dos trapezistas e do “globo da morte” a reação era outra. As mãos gorduchinhas tapavam os olhos automaticamente e só os deixavam ver através das frestas dos dedos. Eu não queria (querendo) ver alguém se estabacar no chão.

O ponto alto da função eram as apresentações de um teatro, em que os artistas – antes palhaços, domadores, equilibristas e trapezistas – se transformavam em personagens de histórias infantis. Lembro-me da apresentação da peça “Chapeuzinho Vermelho”, quando o lobo bateu na porta da casa da vovó e ela perguntou quem era, nós gritamos desesperados: “É o lobo! É o lobo! Não abre a porta!”. Mesmo sabendo o enredo da história, os trechos da atuação do lobo eram tensos. Ô desespero!

*** ***

Um “elefante” anunciava as atrações de um circo na cidade (Fotos JCarlos)

Esses pensamentos surgiram hoje, quando eu voltava de afazeres em bairros próximos à nossa casa. Em uma das avenidas aqui da região, ultrapassei um carro que tinha um elefante no reboque. 

Hein? Um elefante? 

Sim, um elefante.

Conferi no espelho retrovisor e era mesmo um elefante. Fiz o retorno lá na frente e fui atrás do bicho, com o mesmo fascínio que eu sentia quando criança. Depois de uma ligeira “perseguição”, consegui passar à frente do carro que anunciava os últimos dias de apresentação do Circo Fantasy, e fotografar o elefante que estava passeando por São José.

Gostei desse ligeiro passeio no túnel do tempo da minha memória.

[Crônica C/2024]

Tags

Circo Circo Fantasy São José Teófilo Otoni 

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