07 de julho de 2024

Um sonho de matar

Por José Carlos Sá

Tive um pesadelo onde eu era um matador (Imagem gerada por IA – Copiloto/Microsoft.Com)

Sonhei que eu era um matador profissional. Não consigo me lembrar como cheguei a tal profissão e fui contratado para executar três homens. Recordo da parte do sonho em que executei os contratos.

Os três condenados estavam juntos. Cheguei perto deles e escolhi quem ia morrer primeiro. O eleito foi abatido com várias pancadas de uma pedra na cabeça. À medida que caía, o corpo do homem ia virando uma massa gelatinosa sanguinolenta, mas firme, até chegar ao chão, ainda vivo. 

Para terminar o serviço, apontei um revólver para a cabeça dele – o tiro de misericórdia (acho esse nome uma tremenda ironia) -, mas da arma saiu água, que começou a lavar o sangue e revigorar o quase-morto. Deixei o revólver e usei a pedra para o acabamento.

Virei-me para os outros sentenciados. Não me espantei quando vi que tinham se fundido em uma só pessoa, mas com duas cabeças, que falavam comigo ao mesmo tempo. Não pediam clemência, mas também eu não entendia o que falavam, pois o faziam ao mesmo tempo. 

Antes que eu tomasse a iniciativa para cumprir o meu contrato, ele tirou uma faca e se golpeou no braço e no abdômen, se jogando no mar em seguida. A esta altura do sonho,  estávamos em um trapiche sobre o mar. Vi o corpo afundando enquanto uma mancha de sangue flutuava.

Dei por encerrado o meu trabalho no momento em que o meu telefone tocou e o contratante me dizia que tinha mudado de ideia, era para eu cancelar as mortes. Eu tentava dizer que era tarde, enquanto olhava a superfície da água apenas com um sinal cor de rosa onde o corpo caíra.

***

A lembrança do sonho sobreviveu, bem nítida, até o café da manhã, quando contei para a Marcela. Depois fiquei procurando o que eu tinha visto durante o dia anterior para provocar tal devaneio do meu cérebro e também uma mudança no meu comportamento quando sonhando.

Normalmente, quando sonho com uma situação perigosa, como encontrar um estranho dentro da minha casa, por exemplo, eu fico paralisado. Mesmo que estivesse armado, eu não consigo usar a arma nem para me defender. Eu também fico mudo e estático.

Nesse sonho, não. Eu era violento, golpeei a cabeça do cara até ele cair e tentei atirar nele. Depois vi, impassível, o outro suicidar-se.

Freud que explique!

[Crônica XCIV/2024]

Tags

Crônica Marcela Ximenes Matador de aluguel Sonho 

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