Fayga, em pose inocente, é imune ao veneno da espada-de-são-jorge (Fotos Marcela Ximenes e Embrapa)
Mãe lembrou-me que hoje, 23 de abril, é dia de São Jorge e dia do Escoteiro. Não sou devoto do santo, mas fui escoteiro. O assunto ia ter um ponto final aqui, mas enquanto estava na barbearia a tevê exibia o programa ‘Mais você’, da Ana Maria Braga, que fez a chamada de uma matéria mostrando a festa dedicada ao santo no Rio de Janeiro, onde é padroeiro do Estado e consideram essa data como dia santo.
O texto, lido pela apresentadora, também fazia referência à planta vulgarmente chamada “espada-de- são-jorge”, classificada cientificamente como Dracaena trifasciata. O vegetal também atende pelas denominações de espada-de-santa-bárbara, espada-de-ogum, espada-de-iansã, língua-de-sogra, rabo-de-lagarto e sanseviéria. Dizia Ana Maria que a origem da espécie é africana e acredita-se que ela é boa como proteção contra o “mau-olhado”.
Pelo sim e também pelo não, nas casas em que morei sempre há uma touceira de espada-de-são-jorge perto da porta de entrada. Porém, uma coisa que aprendi desde criança, com relação à espada, é que a planta é tóxica e que a ingestão dela pode levar à morte. Essa preocupação sempre me acompanhou e os meus filhos foram catequizados sobre isso desde miudinhos.
Mas sempre tem o dia em que as suas crenças são abaladas, que a sua fé é colocada em cheque, que os seus dogmas mais profundos são discutidos.
Esse dia chegou com a adoção da Fayga. Ela, simplesmente, não tomou conhecimento da toxicidade da espada-de-são-jorge para os animais (“a planta é venenosa e tem substâncias como glicosídeos e saponinas tóxicas que levam a dificuldades de movimentação e respiração”). A cachorrinha, que é a ‘cãoçula’ aqui de casa, não só destruiu o canteiro das espadas, como mastiga a raiz da planta!
Já pensei em monetizar essa imunidade da Fayga e colocar um anúncio nos classificados dos jornais nos seguintes termos: “Se você quer se livrar daquele jardim de que não gosta e não quer usar o Roundup por princípios ambientais, chame a Fayga e seus problemas se acabaram-se!”
Ela acaba com tudo. Garanto!
[Crônica LIII/2024]