Li a história de uma secretária, moradora em Foz do Iguaçu (PR), que apostou nos números que o sogro dela – falecido há dez anos – jogava semanalmente na Mega-Sena. “Casualmente, olha como é de Deus, hoje, eu olhando, deletando umas fotos no celular, eu vi lá o meu sogro, que sempre jogou (na Mega-Sena). Vi a fotinho dos números que ele jogava. Aí eu resolvi tentar, joguei os números que ele jogava. Fico arrepiada de contar”, disse ela ao G1.
Não sei se ganhou*, mas me fez lembrar de uma história que ouvi – várias vezes – quando era criança em Teófilo Otoni (MG). Muito antes das loterias eletrônicas, e paralelo ao jogo do bicho, havia as loterias federal e estadual, cujos bilhetes impressos em papel eram vendidos nas ruas pelos cambistas e em lotéricas.
Contam (e eu transmito do jeito que ouvi) que um homem, lá em Teófilo Otoni, apostava semanalmente o mesmo milhar, tanto nas loterias federal e estadual, adquirindo sempre um bilhete inteiro (era vendido também em dez frações). Fez isso durante anos e morreu sem tirar a “sorte grande”. Como homenagem, a família colocou o último bilhete comprado no bolso do paletó com que foi enterrado.
Acontece que dois dias depois do enterro, os números que ele perseguiu tanto durante a vida foram sorteados. Ao saber do ocorrido, um parente não perdeu tempo. Foi de noite ao cemitério e abriu um buraco sobre a cova do falecido, o suficiente para conseguir resgatar o bilhete premiado.
Ao enfiar a mão no buraco feito na tampa do caixão e tatear o corpo em busca do papel, o homem sentiu uma mão fria o segurando. O susto foi grande que ele desmaiou.
Foi encontrado de madrugada pelo vigia. Soubemos da história graças à polícia, que o prendeu por vilipêndio de cadáver.
* O prêmio da Mega-Sena saiu para Goiânia (GO)
[Crônica XXIII/2024]