Chegou em casa na hora de sempre. Tomou banho e jantou. Vestiu o terno, abriu a gaveta, apanhou o revólver e matou a mulher com três tiros.
Saiu, cumprimentou o vizinho no elevador, apanhou o carro na garagem e fez o trajeto de sempre até o jornal.
Entrou, bateu o ponto e conversou ligeiramente com os colegas. Sentou-se à máquina e redigiu uma matéria narrando o crime que acabara de cometer. Deixou na mesa do editor de polícia o que seria a manchete do dia seguinte.
Apanhou o carro e desapareceu.
[Crônica XII/2024 – *Texto inspirado por uma frase dita pelo meu então colega de faculdade de Jornalismo e futuro editor Márcio Dotti (Belo Horizonte, 1981) e que me inspirou durante toda a vida profissional. Publicado originalmente no jornal O Guaporé – Porto Velho (RO), 12/11/1991]