Há quase 40 anos, um fato corriqueiro rendeu assunto na casa do meu colega Pedro. À época trabalhávamos no Palácio Getúlio Vargas, no governo Ângelo Angelin, em Rondônia.
Pedro contou o que havia ocorrido naquele dia para mulher Dayse, que é pedagoga:
– Eu estava voltando para casa com o Zé Carlos e vimos, de longe, um menino de uns seis ou sete anos, desfolhando os galhos de uma árvore. Quando chegamos mais perto, o menino havia subido na árvore e tentava quebrar um galho. O Zé falou bem calmamente: – Que coisa feia você está fazendo, machucando a árvore… O menino, nem aí, continuou tentando quebrar o galho.
O Zé não desistiu:
– Você sabia que a árvore é um ser vivo e que sente dor igual a você?
E o menino continuou no esforço destruidor. O Zé, olhando sério para ele, insistiu:
– Você ia gostar se alguém quebrasse o seu braço? O menino desceu da árvore e foi correndo para casa.
Ao fim da história contada pelo marido, Dayse arregalou os olhos e comentou:
– Nossa! Que antipedagógico!
– Pode ser antipedagógico, mas funcionou -, concluiu o meu colega.
[Crônica III/2024 – Este fato aconteceu no final de 1986, em Porto Velho, em frente onde hoje está instalada a Rádio Parecis, na avenida Chiquilito Erse, que todo mundo conhece como Rio Madeira]