
O carteiro chamou, as pessoas correram na chuva para atender e era engano (Ilustra Victor Frankenstein/Internet)
Uma piada muito antiga, em um tempo anterior à ponte Rio-Niterói (construída entre 1969 e 1974), contava que um homem chegou correndo perto do pipoqueiro que trabalhava na praça XV, no centro do Rio de Janeiro e onde funciona a estação da barca Rio-Niterói, e gritou:
– Seu Manuel, corre, sua casa está pegando fogo, lá em Niterói e sua mulher está presa lá dentro!
O pipoqueiro abandonou o carrinho, correu esbaforido para comprar o bilhete e tomou a barca que estava saindo. Nem se sentou e ficou em pé na proa, fumando um cigarro atrás do outro. Lá pelos dez minutos de viagem, com a balsa já no meio da Baía da Guanabara, o homem bateu na testa e resmungou:
– Ora, pá! Eu não sou casado, não moro em Niterói e nem me chamo Manuel! O que estou fazendo aqui?
Caso real
Dias destes chovia muito à tarde e estávamos deitados esperando a hora de irmos para a academia. A Marcela cochilava e eu me distraia lendo bobagens quando um carro parou em frente à nossa casa e buzinou insistentemente.
Marcela deu um pulo da cama, abriu as cortinas e viu que era uma viatura dos Correios. Saiu correndo e na passagem bateu na porta do JP dizendo “Sua encomenda chegou!” Ouvi ele resmungando: “Minha encomenda?”
A buzina insistia, enquanto desciam a escada, depois vozes mandando os cães para o fundo, a busca pelo guarda-chuvas e um breve diálogo seguido de silêncio total.
Alguns minutos depois a Marcela volta e diz: “Era para o vizinho”.
Lembrei na hora do causo do seu Manuel de Niterói!