14 de agosto de 2023

Mário Motta – do Picadeiro do Circo ao Jornal Nacional – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

Autobiografia do multitalentos Mário Motta (Divulgação)

Li a autobiografia do Mário Motta como se fosse uma conversa com um velho amigo, que há tempos via. O papo foi bom e ele me contou aspectos de sua vida que eu desconhecia. Fatos alegres, tristes e causos pitorescos. Fiquei sabendo sobre a carreira profissional que começou na trupe de um circo teatro dos pais, e teve o auge na apresentação de uma edição do Jornal Nacional da TV Globo. Hoje este amigo está em uma nova carreira, agora como deputado estadual.

Material de divulgação do filme Maria 38, de Watson Macedo (Divulgação)

No livro “Mário Motta – do Picadeiro do Circo ao Jornal Nacional” (Editora Insular, Florianópolis, 2022), o autor conta como foi a carreira artísticas dos pais dele, primeiro na rádio e depois em um circo que visitava o interior de São Paulo. Nesse ambiente, Mário se apresentava ora cantando em dupla com o irmão Gilberto (Pernalonga e Esticadinho), ora tocando uma sanfoninha de quatro baixos, ora representando. Também participou do filme Maria 38, do diretor Watson Macedo (1959).

Um causo engraçado. Trabalhando como mestre de cerimônia para uma grande empresa, ele seguia para um compromisso no avião dos contratantes. Ao levantar o tampo da privada para fazer um inocente xixizinho, a aeronave entrou  numa área de turbulência, o sistema de controle do aparelho foi afetado e começou a cair. Depois de segundos de desespero, o sistema voltou a funcionar e os pilotos retomaram o controle do voo. Passado o susto, o defeito foi relacionado com o ato de abertura da tampa do vaso sanitário e virou uma piada interna para as quase vítimas. Pouco tempo depois, em outra viagem com os  mesmos personagens – mas em uma aeronave comercial -, também houve uma turbulência e Mário, de brincadeira, disse que ia ao WC, sendo impedido pelos colegas.

Na vida como jornalista, Mário Motta cobriu enchetes de rios em Santa Catarina, que deixaram muitos mortos e destruição. No livro, ficamos sabendo das dificuldades que os companheiros de imprensa enfrentam para informar a situação em áreas devastadas pelos fenômenos naturais.

Outra situação em que Mário esteve presente foi a cerimônia de chegada dos corpos das vítimas do acidente da Chapecoense, em que morreram jogadores, equipe técnica e jornalistas, na queda do avião que levava a delegação para um jogo de futebol na Colômbia, em 29 de novembro de 2016. Mário conta como foi dificil manter a serenidade em uma hora daquela.

Mário Mota e Lídia Pace na bancada do Jornal Nacional – 30 de novembro de 2019 (Foto João Cotta/Globo Reprodução)

Uma parte importante da vida de Mário Motta, olhando pelo lado profissional, foi a participação dele na apresentação de uma edição do Jornal Nacional, no aniversário de 50 anos do principal telejornal brasileiro. Mário participou na condição de convidado especial, por ser o mais antigo apresentador de telejornal da rede, representando todos os apresentadores das praças das retransmissoras da TV Globo em todo o Brasil. Antes dele já haviam participado das comemorações, em sistema de rodízio, um representante de cada estado. Coube a Mário Motta – juntamente com a jornalista Aline Pace, do Rio Grande do Norte, encerrar o ciclo do cinquentenário.

Mário Motta e eu

A primeira vez que vimos Mário Motta foi em um restaurante na BR-101, quando estavávamos de mudança de Rondônia para Santa Catarina, no comecinho de 2019. O vimos pela tv quando apresentava o Jornal do Almoço. Depois, já em casa, passamos a assistir ao telejornal diariamente para nos interarmos do acontecia no terra em que escolhemos para viver. Ao jornal televisivo, agregamos o Notícias na Manhã, este transmitido pela rádio CBN Diário (hoje CBN Floripa), igualmente comandado pelo Mário Motta.

Incentivado por ele, passei a dar pitacos, via whatsapp, no programa, enviando dúvidas, sugestões e comentários. Sempre fui tratado – como eram tratados todos os ouvintes que interagiam – com todo o respeito e atenção. Se o comentário não era lido no ar, eu recebia, após o programa, uma manifestação de agradecimento ou a resposta do que tinha perguntado.

Durante a pandemia – apresentando  o Notícias na Manhã – Mário lia pedidos de ajuda para pessoas que tiveram que parar suas atividades devido às normas sanitárias. Um dia ouvi o apelo em favor dos quarenta funcionários do Circo Rakmer, que estava montado no estacionamento do Shopping Iguatemi, aqui em São José. Os artistas estavam no início da temporada quando o flagelo chegou. Nesta época eu não sabia da ligação do Mário Motta com o circo. Falei da situação com a Marcela, que sugeriu a pauta para o Jornal ND e fez a matéria, tendo como retorno doações de cestas básicas para a trupe. Depois agradeci ao Mário Motta pela oportunidade que nos deu de ajudar o pessoal do circo.

Mário Motta, sentado, comanda programa desde São José (Foto JCarlos)

Em setembro de 2019 houve um evento em São José (que não consegui me lembrar qual foi) em que a CBN veio fazer uma transmissão ao vivo, com o comando do Mário Motta. Um estúdio foi montado próximo ao trapiche do Centro Histórico, e eu fui lá conhecê-lo pessoalmente. Mário Motta encontrou um tempinho para falar comigo e me apresentou aos colegas que participavam da transmissão. Ao me despedir, me deu o contato pessoal dele e convidou para uma visita aos estúdios da rádio nos “altos” do Morro da Cruz.

Mantemos contato até hoje.