Se dependesse apenas das sinopses que li sobre o filme Marte Um – que foi selecionado para representar o Brasil na indicação ao Oscar, na categoria de “Melhor filme estrangeiro” – eu não teria ido assistir. O que pesou foi o convite da Marcela, que queria ir ao cinema na última noite das férias dela.
O diretor Gabriel Martins, que também é o roteirista, fez um filme sobre um sonho de um menino e conseguiu conquistar corações e mentes. Com um elenco formado por atores experientes e estreantes, predominantemente pretos, conta uma história ao mesmo tempo leve e densa.
A identificação foi imediata. Uma família de classe média baixa – pobres, na verdade – morando na periferia de uma grande cidade, com as dificuldades reais de falta de dinheiro, no deslocamento para o trabalho, subemprego e a convivência familiar propriamente dita.
O filme foi rodado em Belo Horizonte e Contagem – onde morei – e há referência à cidade em que nasci. A personagem Wellington (Carlos Francisco) toma conta do apartamento da síndica (Dircinha Macêdo) quando ela viaja e recebe como agradecimento “farinha de Tcho-Tcho”, apelido carinhoso de Teófilo Otoni.
Recomendamos, mesmo sabendo que não será exibido no circuito comercial. Assistimos em uma sala dedicada a filmes de arte que, geralmente, não chegam às salas dos shoppings. Saí do cinema com a cabeça rebobinando o filme e lembrando as cenas mais emblemáticas, sejam tristes, sejam alegres.
Marte Um foi premiado nos festivais de Gramado (RS) e Sundance (Utah – USA) e indicado para participar da pré-seleção ao Oscar. A concorrência é grande, cerca de 90 países concorrem. Por enquanto, o importante é ter um filme brasileiro como esse sendo visto mundo afora.