E por falar em coração e em D. Pedro I, lembrei-me de um episódio da minha infância. Quando aprendi a ler, eu virei um leitor voraz e insaciável, não desprezava nada que tivesse passado pelas prensas inventadas por Gutenberg (ainda sou do tempo da Tipografia): de bula de remédio ao Dicionário da Lingua Portuguesa, nada escapou, mesmo eu não entendendo quase nada.
Um dia encontrei na casa das minhas avós um livro chamado “As amantes do Imperador” e me interessei. Já tinha ouvido a professora falar na aula de História sobre a Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que foi amante de D. Pedro I durante muito tempo e que, por causa dela, a Proclamação da Independência foi feita em São Paulo e não no Rio de Janeiro, onde ficava a Corte Regencial.
O prazer da descoberta do livro foi quase imediatamente substituído pela frustração. O livro me foi confiscado e nunca mais o vi. Eu me esqueci dele até ainda há pouco, quando me recordava no post de ontem (23/08) sobre o coração físico do D. Pedro I que veio participar dos eventos relativos ao bicentenário da Independência do Brasil.
Como eu disse, nunca li esse livro e agora procurei informações sobre ele e soube que foi escrito por Francisco de Assis Cintra, apresentado assim, em um trabalho acadêmico feito sobre ele: “jornalista, crítico literário, filólogo, historiador e professor escreveu diversos livros sobre História do Brasil, adotando o viés destruidor, iconoclasta, polemista e quixotesco. Acreditando ser a história mestra para a vida, buscava reformá-la para que os verdadeiros modelos a serem seguidos surgissem do obscurantismo a que estavam relegados na História do Brasil”.
O livro As amantes do Imperador foi lançado pela editora Civilização Brasileira S. A. – Rio de Janeiro, 1934.
D. Pedro I foi polêmico em vida e continua “dando Ibope” (agora chama Ipec) muito tempo depois de morrer.