24 de agosto de 2022

D. Pedro I e eu

Por José Carlos Sá

E por falar em coração e em D. Pedro I, lembrei-me de um episódio da minha infância. Quando aprendi a ler, eu virei um leitor voraz e insaciável, não desprezava nada que tivesse passado pelas prensas inventadas por Gutenberg (ainda sou do tempo da Tipografia): de bula de remédio ao Dicionário da Lingua Portuguesa, nada escapou, mesmo eu não entendendo quase nada.

O livro foi confiscado assim que o encontrei (Reprodução)

Um dia encontrei na casa das minhas avós um livro chamado “As amantes do Imperador” e me interessei. Já tinha ouvido a professora falar na aula de História sobre a Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que foi amante de D. Pedro I durante muito tempo e que, por causa dela, a Proclamação da Independência foi feita em São Paulo e não no Rio de Janeiro, onde ficava a Corte Regencial.

O prazer da descoberta do livro foi quase  imediatamente substituído pela frustração. O livro me foi confiscado e nunca mais o vi. Eu me esqueci dele até ainda há pouco, quando me recordava no post de ontem (23/08) sobre o coração físico do D. Pedro I que veio participar dos eventos relativos ao bicentenário da Independência do Brasil.

Como eu disse, nunca li esse livro e agora procurei informações sobre ele e soube que foi escrito por Francisco de Assis Cintra, apresentado assim, em um trabalho acadêmico feito sobre ele: “jornalista, crítico literário, filólogo, historiador e professor escreveu diversos livros sobre História do Brasil, adotando o viés destruidor, iconoclasta, polemista e quixotesco. Acreditando ser a história mestra para a vida, buscava reformá-la para que os verdadeiros modelos a serem seguidos surgissem do obscurantismo a que estavam relegados na História do Brasil”.

O livro As amantes do Imperador foi lançado pela editora Civilização Brasileira S. A. – Rio de Janeiro, 1934.

D. Pedro I foi polêmico em vida e continua “dando Ibope” (agora chama Ipec) muito tempo depois de morrer.