19 de junho de 2022

Memórias de festas juninas geladas

Por José Carlos Sá

Nem uma boa fogueira resolve quando o vento trás o frio (Foto Bem Blogado.Com)

Uma festa junina que seria realizada em uma casa de praia no sul da Ilha de Santa Catarina, na Freguesia do Ribeirão da Ilha, precisou ser adiada, pois a temperatura no sábado (18) foi caindo, caindo, caindo e já estava nos 10° quando o anfitrião disparou mensagens de whatsapp desconviadando a todos devido às condições climáticas adversas.

Em junho de 1994 acompanhei o então  presidente da Fiero (Federação das Indústrias de Rondônia) à festa junina preparada pela escola Isolina Ruttmann do Sesi, em Vilhena – Rondônia, que seria realizada a partir das 20 horas de um sábado.

Saímos de Porto Velho de madrugada e seguimos para o sul do estado, quase sem parar na estrada. São 700 quilômetros de distância entre a capital e a cidade Vilhena, na divisa com o Mato Grosso. Fomos direto para um restaurante, onde serviram feijoada. Ao sair do local, era impossível ficar a céu aberto, pois soprava um vento frio e constante na cidade, que foi construída na Chapada dos Parecis, a 615 metros em relação ao nível do mar. Isso, para a Amazônia, é muita coisa.

À noite, rumamos para o local da festa já sentindo o frio intenso. Uma imensa fogueira já havia sido acesa no pátio, mas não havia ninguém perto dela se esquentando. Os carros dos pais dos alunos começaram a chegar, mas as pessoas não tinham coragem de descer dos veículos devido ao vento gélido que soprava.

A festa foi adiada e voltei frustrado para o hotel, pois festa junina é uma das poucas datas festivas religiosas de que gosto.

Na minha infância, em Teófilo Otoni, pai fazia fogueira no quintal, com direito à milho e batata doce assados na brasa. Havia um mutirão para recortar bandeirinhas de papel. De qualquer papel: coloridos, páginas de revista e até de cadernos escolares usados.

Ficávamos em torno dela até tarde. Pai assava amendoim no forno e mãe embalava tudo em cartuchos de papel – igual ao que era vendido nas ruas. Esta era uma das poucas ocasiões que nós, crianças, tínhamos permissão para dormir mais tarde.

Mãe também preparava outras iguarias típicas das festas juninas, como arroz doce e canjica de milho branco, mas destes daí eu só queria uma coisa: distância.

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Festa junina Sesi Teófilo Otoni vilhena 

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