
Lembrando um verso do Belchior: “Quando eu não tinha o olhar lacrimoso / Que hoje eu trago e tenho…”, em Galos, noites e quintais (Foto JCarlos)
Pela foto vocês devem perceber que tenho olhos ‘expressivos’, também conhecidos como “zóião”, que são verdes. Dizem que puxei à minha avó paterna, de quem sei pouca coisa: teve três filhos, meu pai e mais duas irmãs, e morreu quando ele era criancinha. Se chamava Alzira e tinha uma irmã, Alice (tia Alicinha), que conheci quando eu era ainda criança em Teófilo Otoni e não sei quase que mais nada.
No grupo escolar eu sofria ‘bullying’, que naquele tempo chamava caçoada. Me chamavam de “ôi de bosta de papagái”, nunca fui verificar se a titica dos psitacídeos são mesmo daquela cor. Muito mais tarde, uma mulher em Porto Velho disse que meus olhos eram “azedos”. Percebendo que eu não tinha gostado, tentou explicar que ao me ver fez uma associação com a cor dos limões, que são azedos. Falou que na terra dela, no Nordeste, falam assim. Também não fui pesquisar se era verdade.
Eu já recebi elogios e fui assediado por causa da cor dos olhos. Geralmente eu respondia que eram lentes de contato coloridas. Mas teve uma ocasião que não tive resposta para a proposta que foi sugerida. Uma colega de trabalho dizia: “Se você fosse meu namorado, eu ia lamber os seus olhos!”. Só de imaginar o ato, a repulsa era tão grande que eu bloqueava a sugestão ao ouvir, cada vez que era repetida.
Só agora, anos depois, é que encontrei a solução para o desejo daquela colega. Um pirulito no formato de um olho verde. Coisa de maluco.