Estavam todos nervosos.
Pelos cantos da casa as pessoas comentavam em voz baixa: Será que ela chega a tempo, será que ela virá? Faltavam apenas dois dias para o casamento e ela nada, nem sinal. A noiva, nervosíssima, caminhava impaciente.
Ora checava os preparativos da festa, ora dava uma bronca na costureira que arrematava o vestido de gala.
O pai, este assistia ao vai-e-vem das mulheres sem nada comentar. Se ela viesse ou não, para ele pouco importava. Caiu na bobagem de dizer isso e a mulher e as filhas só faltaram bater nele. Chamaram de machista insensível e ele não disse mais nada. Ficou mudo em seu canto.
Enfim o dia do casamento. A casa parecia viva, latente, com as pessoas desprendendo mais energia que uma hidrelétrica. A festa estava marcada para as 15 horas. Às 14h30, o anúncio que todos esperavam: ela chegou. A noiva, a mães, as irmãs, tias, primas aliviadas. O pai nada comentou – gato escaldado…
Só quem não gostou da chegada da menstruação foi o noivo, que esperou três dias para iniciar a lua-de-mel.
*Crônica publicada na página Lítero-Cultural, no Alto Madeira, editada pelos amigos Selmo Vasconcelos e Bahia, dia 01/04/1998