Ontem, 16/06, teoricamente a terça-feira gorda de carnaval, ao invés de marchinhas, o que ouvi na rádio, em vários programas que sintonizei, foi o lamento pela suspensão dos festejos do ‘tríduo momesco’, por uma causa nobre: a pandemia da Covid-19, que poderia se alastrar mais aproveitando as multidões (como ocorreu no ano passado).
A Marcela enviou-me uma crônica do Machado de Assis em que ele lamenta a não realização do carnaval, na então capital do da República – Rio de Janeiro – em 1894. O título da crônica é “No dia em que Momo for exilado, o mundo se acaba”. O escritor relaciona várias fantasias e os desfiles de corsos que não será possível ver naquele ano e cita Montaigne (“que não fazemos mais que repisar as mesmas coisas e andar no mesmo círculo”) e Eclesiastes (“o que é, foi, e o que foi, é o que há de vir”) sobre a História se repetindo.
Quando li isso, lembrei-me do final da década de 1980, o Ribeirão Arrudas, que corta a cidade de Belo Horizonte de fora a fora, passando pelo centro, causou uma inundação, considerada uma das maiores da história. Cerca de nove pessoas morreram e outras vinte ficaram desaparecidas, além de danos materiais e prejuízo para o comércio. O então prefeito da capital mineira anunciou que o Município não destinaria verbas para o carnaval, optando por assistir os desabrigados. Escolas de samba e blocos caricatos foram para a Imprensa e fizeram barulho até a mudança de opinião do chefe do executivo municipal. Houve o carnaval, mesmo com velórios.