Ao final do curso de adaptação à vida no quartel, fomos submetidos a um teste vocacional para sermos separados, conforme nossa aptidão aos diversos setores que compunha a Base Aérea: Infantaria, Saúde, Transportes, Bombeiros, Taifeiros (trabalhar no Rancho) ou Serviços Gerais.
Acontece que este teste era apenas referencial. Cada setor ia solicitando os quantitativos necessários e a “Sargenteação” (órgão administrativo da Infantaria) separava os soldados. Apesar de eu ter indicado no teste que queria ser motorista, junto com o 023, fomos para os Serviços Gerais trabalhar no hangar dos aviões da FAB. Era faxina quase o dia todo, consegui apenas pilotar um carrinho de mão novinho!
Poucas semanas depois a nossa sorte mudou. O DPV (Departamento de Proteção ao Voo) solicitou dois soldados para trabalharem naquele posto remoto a que me referi, em Itabirito, no interior de Minas.
Fui o primeiro a ir e adiantaram algumas diárias para eu comprar comida e gás de cozinha. Na semana seguinte, o 023 me rendeu no posto, só que ele se esqueceu de comprar mantimentos e consumiu todo o alimento que eu tinha deixado. O miserável não me avisou (pelo rádio) desta situação e só levei pouca coisa, contando com o que eu havia guardado na dispensa.
Na quinta-feira tive que andar cinco quilômetros até o portão de uma mineradora para pedir carona e ir a Itabirito comprar comida. Para voltar, a mesma coisa. Pegava carona no caminhão da mineradora e desembarcava a cinco quilômetros de casa.
O 023 aprontou outras comigo, como não tendo ir me render na segunda-feira e me fazendo ficar mais 15 dias no plantão.
Fora do quartel conheci outros 023 na vida civil, que faltavam justamente quando eram necessários.