Há 48 anos, criança pequena em Teófilo Otoni, no nordeste de Minas Gerais, eu faltava à aula, obedecendo ordem do meu padrinho Marinho, comandante do destacamento da Polícia Militar, que cedo passou na casa na minha avó, ao lado do quartel, e disse: “Não deixem Neném sair de casa. O Brasil está em guerra”.
Passei os próximos dias vendo, da janela, caminhões da PM mineira e do Exército transportando tropas de um lado para outro. De noite, em casa, meu pai contava sobre as prisões de colegas dele na Estrada de Ferro Bahia e Minas. Na época, os ferroviários eram uma das categorias profissionais mais politizadas e organizadas do país e foram os que mais sofreram. Os salários, por exemplo, são miseráveis até hoje, no que resta das ferrovias.
31 de março de 2012