06 de maio de 2025

A fuga dos cardeais

Por José Carlos Sá

Cardeais deixam Roma e a eleição do novo papa (Imagem gerada por IA Freepik/Picaso/ Colagem JCarlos)

O mundo foi surpreendido na manhã de hoje com a informação absolutamente inesperada, distribuída por várias agências de notícias, de que a maior parte dos cardeais, que estava reunidos no conclave para a escolha do novo Papa, deixou Roma durante a madrugada.

O movimento inusitado de carros deixando a Casa Santa Marta, onde estavam hospedados os cardeais eleitores, com destino ao Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, chamou a atenção dos jornalistas de plantão em frente ao prédio, que logo confirmaram a debandada de prelados, retornando a seus países de origem, abandonando a eleição que decidirá quem será o novo sucessor de São Pedro e líder da Igreja Católica Romana.

Fontes ouvidas de forma anônima declararam que houve uma cisão entre os cardeais, pois os que apoiavam um perfil mais conservador para o novo papa, deixaram o conclave para inviabilizar a eleição de um representante da maioria do colégio eleitoral, que prefere que o próximo Pontífice seja mais progressista.

Especula-se que 67 cardeais tenham desistido de continuar participando do escrutínio, abrindo uma crise sem precedentes na história da Igreja Romana. Alguns repórteres chegaram a citar que a escolha atual superou a mais longa das eleições, quando foi escolhido o papa Gregório X, que durou dois anos e nove meses – entre 29 de novembro de 1268 a 1º de setembro de 1271 .

E quem será o novo papa? (Colagem sobre foto do jornal L’Osservatore Romano/JCarlos)

No caso presente, esgotadas as regras previstas para a conclusão da escolha, não houve consenso entre os representantes dos grupos conservador e progressista e, com o abandono do conclave pelos mais de 60 cardeais, um problema maior foi criado, já que entre a morte ou renúncia de um papa e a eleição de outro, nem um ato – da competência do pontífice – tem qualquer validade, conforme prevê uma das legislações do Vaticano. 

Os católicos de todo o mundo e os praticantes de outras religiões e seitas, além dos chefes de Estado de todas as nações, acompanham com demasiado interesse o desenrolar dos acontecimentos no Vaticano, enquanto lideranças da Igreja clamam aos fiéis para iniciarem uma maratona de orações até que o impasse na escolha do novo papa seja solucionado, sob pena de todos testemunharem o ocaso daquela que foi a maior religião do ocidente por muito séculos.

P.S.: Hoje, enquanto eu tomava banho, tive a visão de uma ruma de cardeais subindo a escada de embarque de um avião, voltando para as respectivas paróquias sem que a eleição do papa tivesse sido concluída. O texto nasceu dessa imagem mental que não sei inspirada em quê.

[Crônica LXXII/2025]