
Igrejas visitadas ou quase, em sentido horário: Catedral de Curitiba, Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, Igreja Matriz de São José dos Pinhais, Mesquita, Igreja Presbiteriana e Igreja ucraniana ((Fotos JCarlos)
Uma das coisas que gosto de fazer quando estamos passeando é entrar em igrejas, especialmente aquelas que ainda não conheço. Mãe nos dizia, quando éramos crianças, que quando se visita uma igreja pela primeira vez, devemos fazer uma oração e, se fizer um pedido, ele será atendido. Mesmo sem pedir nada, sempre rezo quando entro em uma igreja pela primeira vez.
Na viagem recente à Curitiba tive a oportunidade de conhecer por dentro duas igrejas católicas centenárias e uma mesquita islâmica. Estivemos nas portas de outros templos mas não foi possível visitar

De noite ou de dia a arquitetura do Primeira Igreja Presbiteriana é imponente e chama a atenção (Foto JCarlos)
Na 1ª Igreja Presbiteriana Independente, por exemplo, quando eu passei estava tendo culto, mas ao voltar mais tarde o templo já estava fechado. A igreja presbiteriana fica na rua do Rosário, no centro histórico de Curitiba, em um terreno adquirido em 1922. O prédio foi construído com recursos angariados pela comunidade, desde as crianças da escola dominical, que adquiriam “tijolinhos” com suas moedas, até adultos que promoveram eventos. O edifício, que foi inaugurado em 1935, chama atenção de todos pelo estilo neoclássico, e pelas colunas cilíndricas que sustentam a cúpula da torre.
Também não foi possível visitar internamente a Catedral de Curitiba, que é dedicada à Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. A capela original teria sido construída em 1654 pelos povoadores paulistas em local que foi indicado pelo cacique Tindiquera, CEO da tribo dos Tinguis.

Representação da lenda da fundação de Curitiba – baixo relevo em bronze – Autor João Turin, 1943 – Memorial de Curitiba (Foto JCarlos)
Diz a lenda que o morubixaba teria “fincado uma vara no chão, exclamando ‘Core-etuba!’ (muito pinhão), e ali os povoadores se organizaram, onde hoje é o marco-zero da cidade, construindo uma pequena capela dedicada à Virgem da Luz dos Pinhais”.
As igrejas tricentenárias
Em frente à igreja dos presbiterianos, do outro lado da rua, está a Igreja do Rosário – Santuário das Almas, antigamente denominada Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito. Consta que foi construída em 1736 e foi a segunda igreja a ser erguida em Curitiba.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito original, construida por e para escravizados e demolida no final da década de 1930 (Foto Mitra Arquidioscesana de Curitiba/Reprodução)
Na verdade, o prédio original – construído por e para escravos – foi demolido em 1931, e depois de uma campanha de arrecadação de fundos, liderada pelo monsenhor Celso Itiberê da Cunha, o atual foi erguido. Na fachada e no interior existem azulejos portugueses que restaram da primeira igreja.
Nessa igreja eu entrei logo após o término da missa. O altar, em estilo barroco, o mesmo do templo, é em madeira entalhada, onde sobressai a imagem de Cristo crucificado. Na nave há imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, além de um mural de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças.
No Largo da Ordem, também no centro histórico, está o terceiro mais antigo templo da cidade e que dá nome ao lugar onde foi construído. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, que teria sido construída em 1737 pelos portugueses.
Esta igreja também mudou de nome. A denominação original era Igreja Nossa Senhora do Terço, mas com a chegada dos padres franciscanos em 1746, passou a ter como patrono São Francisco das Chagas.
No folheto explicativo é informado que em 1834 uma parte da igreja desmoronou e só foi completamente restaurada em 1880, “com a visita do Imperador D. Pedro II, que doou dois sinos”. Anexo à igreja da Ordem está o Museu de Arte Sacra.
A mesquita
Eu estava andando pela imensa Feira do Largo, que extrapola em muito a área adjacente ao Largo da Ordem e se estende pelas ruas próximas, quando reparei os dois minaretes de uma mesquita. Fui até lá e vi que o local estava aberto para visitas. Também notei que muitas pessoas ficavam curiosas, mas não entravam. Se contentavam em se fotografar em frente ao templo islâmico.
A mesquita Imam Ali Ibn Abi Tálib foi inaugurada em 1972 para atender a comunidade mulçumana. A construção, segundo o folheto da Prefeitura de Curitiba para turistas, “foi orientada em direção à cidade sagrada de Meca, conforme determinam as prescrições religiosas. Interior completamente forrado por legítimos tapetes persas, e decorado com mosaicos islâmicos feitos a mão. Na parte inferior, conta com escritórios, biblioteca e anfiteatro”.
Fui convidado a entrar e o recepcionista me entregou uma sacola para colocar os sapatos. No caso das mulheres, além da sacola para os sapatos, elas recebiam um pedaço de pano para ser usado à guisa de um véu, conforme determina a religião.

Este móvel aponta a direção de Meca, para onde os mulçumanos devem se voltar quando oram (Foto JCarlos)
A parte interna é um grande salão, forrado por tapetes e com cadeiras ao longo das paredes e um praticável com um púlpito, tendo ao lado um móvel com a indicação da direção (Quiblah) de Meca , para onde os mulçumanos se voltam para orar, independentemente de onde estejam no mundo.
Como decoração, azulejos e mosaicos com a arte islâmica, banners com explicações de passagens do Alcorão e uma grande foto de fiéis em peregrinação à Meca, ao redor da Caaba, a pedra sagrada dos muçulmanos. Em um cantinho, há uma mesa para comercialização de livros religiosos.
Gostei da visita, pena que não havia quem desse explicações sobre o local. O que escrevi aqui foi pesquisado “a posteriori”, como os doutores advogados gostam de falar.
Na porta
As demais igrejas pelas quais passamos – e que estavam fechadas – foram em São José dos Pinhais. A Igreja Católica Ucraniana da Santíssima Trindade, que fiquei curioso para conhecer o culto; a Catedral Diocesana de São José dos Pinhais, a Capela de São Paulo Apóstolo, no bairro Costeira, e a Igreja Sagrado Coração de Jesus na Colônia Murici, reduto dos poloneses.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus – Colônia Murici, dos poloneses – São José dos Pinhais (Foto JCarlos)
* Turismo de igrejas, Acho que inventei o termo, pois não o vi antes
[Crônica LXVIII/2025]