
O folheto da pizzaria se transformou em uma caranguejeira (Imagem criada por IA Designer/Microsoft e editada por BN JCarlos)
Numa noite dessas, a Marcela abriu a porta para a Azula e Aurora irem fazer xixi no quintal e aproveitou para dar uma olhada em como estava o tempo. Ao dar o segundo passo fora de casa, ouviu uma coisa pesada cair das telhas da garagem ao lado dela.
Era uma aranha caranguejeira preta, d-e-s-t-a-m-a-n-h-o! Após se recuperar do susto de milésimos de segundos, a preocupação foi com as cadelas que poderiam mexer com o aracnídeo e se darem mal. Mas as necessidades fisiológicas da cachorrada as distraíram e a Marcela as colocou para dentro logo, indo me chamar para a caça e expulsão do aranhuço (como dizem os portugueses) do nosso território.
A bicha estava camuflada no pneu do carro e ao nos ver se mandou para lugar incerto e não sabido e nunca mais voltou. Espero. Desde então, ao sairmos ao quintal à noite, acendemos a luz da garagem e olhamos para cima e para os lados, tremendo o retorno da representante da família dos terafosídeos.
Quem tem ‘experiência’, tem medo
Ontem quando voltei de uma reunião à noite, ao abrir o portão da garagem, algo úmido caiu na minha cabeça. O reflexo fez com que eu desse um pulo para trás, com uma agilidade que eu não imaginava ter. O primeiro pensamento foi que a aranhona tinha voltado ou um outro bicho qualquer que estava ali me emboscando.
Era nada não. Apenas um folheto molhado pelo sereno, anunciando uma pizzaria, que foi deixado na fresta do portão. Mental e injustamente, xinguei o cara que me assustou sem querer.
Na minha vida pregressa, porém, há um caso concreto de um susto justificado.
Quando trabalhava na Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho (RO), certo dia, ao voltar do almoço com minha colega, uma cobra caiu do telhado do corredor a centímetros de nós dois.
Não quero saber se era uma cobra-cipó que, dizem, não é venenosa. Para mim, cobra é cobra, seja peçonhenta ou não. E delas quero apenas uma coisa: distância.
[Crônica LXVII/2025]