
De vez enquando aparece um aloprado se dizendo professor (Imagem gerada e editada por IA e BN Freepik/Photoroom/JCarlos)
Não tenho certeza absoluta, se quando estava na escola, cheguei a apanhar da professora. Dona Maria Helena, do segundo ano primário, tinha fama de dar reguadas nos alunos que conversavam ou que se distraiam com assuntos diferentes da aula.
Mas lembro de ter ficado de castigo, anos depois, de cara para o canto da parede por estar conversando durante a aula. A única vantagem de ter ficado de frente para a parede foi que meus colegas não viram minhas lágrimas escorrendo copiosamente. Eu não chorava de arrependimento, mas por ter certeza que iria apanhar em casa, se a professora resolvesse enviar o famoso “bilhetinho” para minha mãe contando o que aprontei.
A geração anterior à minha teve a infelicidade de conhecer a palmatória, que era usada quando o aluno não sabia a lição, literalmente na ponta da língua, já que havia prova oral e cada erro dava direito a certa quantidade de bolos nas mãos. Entendendo que “bolo” era a pancada da palmatória na palma da mão aberta. A palmatória era usada também nas delegacias para extrair confissões daqueles presos mais renitentes.
Espancamento estimulado
Essas minhas reminiscências surgiram ao ler que um professor de história, da rede pública estadual do Paraná, está sendo acusado de ter oferecido R$10 para que cinco alunos, entre 10 e 11 anos, espancassem um colega de sala, de 11 anos, por ele ter tirado nota baixa em um trabalho. O caso absurdo aconteceu durante a aula e o espancamento só parou após a supervisora ter sido avisada por duas outras alunas.
O caso está na polícia, no conselho tutelar, na secretaria de Educação e na imprensa. O professor foi afastado das atividades preventivamente e o aluno não quer voltar à escola.
Não sei o que comentar, parece que de tempos em tempos a humanidade regride.
[Crônica LX/2025]