08 de abril de 2025

Bom pra cachorro

Por José Carlos Sá

Fui separar a briga das “dogas” e me lasquei (Imagem gerada por IA Designer e Canva e misturadas por BN JCarlos)

Hoje caiu a última casquinha da ferida provocada por um cão no meu braço. O incidente foi na segunda-feira da semana passada, quando eu subia a ladeira da rua aqui de casa. Ao passar em frente a uma casa que tem dois cachorros felpudinhos e barulhentos, notei que o portão estava aberto e o menor deles comia algo que estava na calçada. 

Nesse momento o outro cachorro, o irmão mais velho e mais sujo, veio correndo lá de dentro latindo e, incontinente, pulou mordendo o meu braço, antes que eu me defendesse. A mordida foi doída e sangrou. 

Depois do ataque o cachorro correu para dentro do quintal e ficou latindo para mim de longe. Comecei a chamar “ô de casa!” até que apareceu a dona dos bichos. Mostrei o braço ensanguentado e ela só colocou os cães para dentro, fechou o portão e disse: “Eles são vacinados!”.

Fui pra casa – e já expert no assunto (conto a seguir como fiquei com essa expertise) – lavei o ferimento e avisei à Marcela do ocorrido, e antecipando que iria ao posto de saúde saber se precisava tomar vacina antirrábica. Marcela sugeriu que eu voltasse ao local do crime e pedisse as carteirinhas de vacinação dos dogues. 

Resumindo, os cachorros estavam com as vacinas atrasadas, mas eu estava com as minhas em ‘dias’. A enfermeira só recomendou que eu ficasse de olho, durante dez dias: se o cachorro que me mordeu morresse (será que estou envenenado e ele se contaminou?) ou sumisse, era para eu comunicar ao serviço de saúde.

Mas como disse no começo, caiu a casquinha e o felpudo tá lá, sujo e fazendo barulho. Então nem ele foi envenenado, nem eu fui contaminado.

Já foi pior

Nos quatro anos em que trabalhei nos Correios, nunca fui atacado por cachorros, mas eu ficava atento a todos os sinais de presença canina quando ia entregar uma carta. Foi nessa mesma época que comecei a namorar e uma noite, ao voltar da casa da namorada, o cachorro do dono de um depósito de materiais atravessou a rua e me mordeu – sem aviso prévio – em um lado do abdômen, acima do cinto.

Foram 24 injeções de vacina antirrábica na barriga. Avisaram que eu não podia faltar nenhum dia às aplicações, sob pena de começar a apresentar os sintomas de raiva canina, entre eles, espumar pela boca.

No ano passado, aqui em casa, eu estava trabalhando quando a Fayga começou a latir desesperadamente no quintal. Quando abri a porta para saber o que era, a Azula, que estava dentro de casa, passou por trás de mim e correu em direção à Fayga, se engalfinhando imediatamente em uma briga, pois as duas não se dão.

Fui tentar separá-las e me lasquei todo. Fui mordido nos dois braços, além de me machucar quando caí, quebrando vasos e plantas. Fui parar na UPA e depois no posto de saúde para os curativos e tomar as vacinas e anti-inflamatórios. Fui furado por agulhas e dentes.

Chego à conclusão que a minha carne é boa pra cachorro e já estou pensando em abrir uma fábrica de ração, doando pedaços do meu corpo como matéria-prima.

[Crônica LVI/2025]

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Azula Cachorros Correios Fayga 

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