Vou fazer um esforço de reportagem e experimentar esse ovo de páscoa de botequim (Fotos Divulgação)
Reconheço que sou tradicionalista, arcaico, antiquado, obsoleto, anacrônico, superado e até analógico. Demoro um pouco a mudar alguns hábitos, especialmente hábitos alimentares. Aos poucos me acostumei aos molhos agridoces, em que misturam mel e mostarda, mas tenho outros tabus.
Ainda não me acostumei, por exemplo, às pizzas doces. Massas com chocolate preto ou branco, com leite condensado, com creme de leite, com bolacha Negresco®, com bombons Sonho de Valsa®, eu dispenso. Nem com goiabada cascão permito que o garçon me sirva.
Com cachorro quente é a mesma coisa. Prefiro o que a Marcela faz em casa, pão, salsicha e molho de tomate, cebola e temperos verdes picadinhos e mais nada. Se tenho que comer na rua, peço o básico e mesmo assim aviso que não quero milho, ervilha, batata palha, vinagrete, repolho, queijo ralado, bacon, ovo frito, calabresa, hambúrguer, nem frango.
Do cachorro quente doce, com chocolate preto ou branco, Confeti®, Ouro Branco®, Prestígio®, não quero ouvir falar.
Convicções abaladas
Escrevi esse tratado acima para dizer que hoje li uma matéria no Indústria News, informativo da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) que me abalou profundamente. O título era “Empresas inovam em produtos para a páscoa” e na linha de apoio: “Em SC, a novidade é o lançamento de um ovo inusitado: uma mistura de chocolate com torresmo”
Gritei “Epa!” em voz alta, assustando os cachorros que cochilavam em volta da minha cadeira, pois há bem, poucos dias comentei a idéia de fabricantes de ovos de páscoa de misturar, entre outras coisas, “farofa de biscoito Oreo, com flocos de arroz, sucrilhos, cereais, castanhas, amendoim e M & M”.
E agora, o que pensar de ovos de chocolate recheados com torresmos? São duas iguarias de que gosto… Estou hesitante.
Vou ter que fazer um sacrifício e experimentar o ovo de chocolate “atorresmado” para poder emitir uma opinião própria e abalizada, evitando aquela antipática frase “não comi e não gostei”.
A ver.
[Crônica XLIX/2025]