26 de março de 2025

O apocalipse, segundo os zumbis – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

A capivara apresentava sinais de já estar morta há dias (Imagem gerada por IA Freepik, Designer, Photoroom e BN JCarlos)

O tema “zumbi” não é o meu forte. Assisti a poucos filmes sobre o assunto e, até agora, não tinha lido nenhum livro tendo como personagens principais os “mortos-vivos”. 

O livro “Cérebros para o jantar” (Editora Cyberus, Belém, 2025) é uma antologia com dez histórias de zumbis, com autores de muita imaginação e com cada descrição das criaturas que faz o estômago dar cambalhotas. Algumas cenas de canibalismo são horripilantes.

Essa experiência literária me colocou em uma terra “distópica” (palavra muito usada pelos redatores de sinopses de filmes pós-apocalipse) onde todo mundo foge dos zumbis, que tocam o terror e fazem uma das duas coisas com quem alcançam: mordem e transmitem um vírus – ou sei lá o quê – transformando a vítima em outro morto-vivo ou simplesmente o comem aos pedaços. De preferência, ainda vivo.

No conto “Meia-luz”, cujo enredo inspira o nome da antologia, um morto-que-anda, que mesmo faltando alguns órgãos necessários para proferir palavras, falava. A criatura é descrita assim: “Não tinha nariz. Lábios. Onde ficavam as orelhas eram buracos de carne e os olhos dois poços negros que me encaravam sem olhos. A cabeça inteira dele era uma caveira vermelha de músculos apodrecendo (…)” E o “coiso”, como o autor se refere a ele, fez um ensopado de cérebros – possivelmente de seres humanos – e ofereceu para o narrador, que comeu tudo, repetiu e achou bom!

Capivaras zumbis

O livro em que até as capivaras são zumbis (Divulgação)

O que me levou a ler este livro foi saber que a minha sobrinha Patrícia Alves de Sá – filha da minha irmã Fátima “Cida” e do Celinho – teve um conto incluído na antologia.

Ela escreveu sobre uma capivara que apresentou um comportamento estranho: “(…) seu pescoço pendia, de uma maneira não natural, como se estivesse fraturado, e seu andar era desleixado e arrastado”, além disso alguém notou “que o animal apresentava sinais de já estar morto há dias”.

A autora narra então que houve um corre-corre geral e a vigilância sanitária emitiu alerta para que as pessoas que moravam na área não se aproximassem das capivaras, cujo hospedeiro, o carrapato-estrela, podia transmitir aos humanos a “zumbizisse” do animal de pescoço torto. 

Patrícia é irônica e verdadeira quando escreve:  “Após algumas semanas, a notícia da capivara zumbi foi deixada de lado, pois no Brasil, cada dia que se passa, algo mais absurdo vira notícia”. Cirúrgica.

Com as autoridades brasileiras batendo cabeça e não chegando a nenhuma conclusão para controlar ou extirpar a ameaça de contaminação global, os cientistas de outros países sugeriram um expediente extremo que foi aprovado e colocado em prática, com a “solução final” para o nosso país.

O livro, em formato digital, está disponível na Amazon, a R$0,00 para o Kindle e R$2,00 para quem não tem o dispositivo de leitura da empresa.

[Resenha VIII/2025] 

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Apocalipse Capivara Fátima Aparecida morto-vivo Patrícia Alves de Sá Zumbis 

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