20 de março de 2025

Um retrato fatal – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

Capa da edição de O retrato Fatal, da Abril Cultural (Reprodução)

Para fugir um pouco da minha rotina de leituras sobre história, dei uma pausa no tema e mergulhei em um livro de romance policial noir, da autoria de um escritor que foi claramente influenciado por Dashiell Hammett (O falcão maltês, entre outros) e sua criatura, o detetive Sam Spade. 

Lew Archer é um detetive que conhece, mas não cumpre, as regras. Vai tropeçando em pistas, que depois as reúne em um só feixe, com um final surpreendente, entremeado de uma sequência de reviravoltas, em que o suspeito é quem o leitor desconfiava, mas os crimes são cometidos por outras razões que só se conhece na última página do livro.

Assim é “Um retrato fatal” (Editora Abril Cultural, São Paulo, 1984), escrito por Ross Macdonald – pseudônimo de  Kenneth Millar. Uma sucessão de fatos inusitados que ocorrem em torno de um quadro que foi roubado, em um espaço de três dias e duas noites.

Retrato de Mildred Mead (Imagem criada por IA Microsoft Designer usando descrição do autor do livro/Desenho Befunky)

Os proprietários do quadro acreditam que a obra foi pintada por um artista plástico que desapareceu há 25 anos e não sabem se está vivo ou morto. À medida que o detetive vai investigando o sumiço, vai desenterrando o passado das pessoas que de uma forma ou de outra se relacionaram com o pintor.

Ao final, gostei do livro, pois o autor honra os “papas” do romance policial – Dashiell Hammett e Raymond Chandler (que o influenciaram no estilo), Edgar Allan Poe, Agatha Christie, Conan Doyle, Mickey Spillane, Patricia Highsmith e James Ellroy. 

O livro chegou às minhas mãos pela Marcela, que o encontrou no Brechó da Apae de São José. Como em outros livros que compramos nesses bazares, “Um retrato fatal” também tem um carimbo na folha de rosto e na contracapa indicando a propriedade: Rotary Club de São José. Outro carimbo informa: “PROIBIDO VENDER O LIVRO – Devolva ao expositor após a leitura e leve outro”.

Já contei aqui que o livro “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, também comprado em um brechó, tinha o carimbo da biblioteca de uma escola. Fui lá devolver, a diretora mandou me dizer que não me cobraria nada e eu podia ficar com a obra, mandando apenas rasgarem a página onde havia o carimbo do “patrimônio”.

Desta vez, não farei esforço para devolver o livro; vou doá-lo a outro brechó e deixá-lo circular.

  [Resenha VII/2025]