17 de março de 2025

Perguntas triviais e uma viagem no tempo

Por José Carlos Sá

O paredão do Luciano Huck (Reprodução TV Globo)

Quando ligamos a tevê para a nossa sessão dominical de cinema, automaticamente entrou a TV Globo, onde era exibido o programa do Luciano Huck. Era uma prova de perguntas e respostas valendo dinheiro.

Antes da Marcela sintonizar o canal de filmes, ficamos ouvindo as perguntas, do tipo: “Quanto é 5 x 5? A. 25  B. 60”; “Onde o ascensorista trabalha? A. Cozinha B. Elevador”;

“No ônibus quando o passageiro aperta o botão ou puxa a corda, está pedindo para o motorista: A. Parar no próximo ponto B. Acelerar o ônibus” e outras perguntas bobinhas. Não sei se depois o nível foi aumentando.

Na hora me lembrei de um programa que havia na extinta TV Itacolomi, de Belo Horizonte. Diariamente era apresentado o programa “Seu saber é pra valer”, com alunos que representavam seus ginásios e colégios. Quem chegava à rodada final, na sexta-feira, ganhava prêmios (não me lembro quais) e a escola também era premiada. Se fosse nos dias de hoje, o estudante que vencesse seria um “famoso” nas redes.

Pois bem. Lá pela virada das décadas de 1960 para 1970, eu fazia o curso de admissão, que era uma série intermediária entre o curso primário e o ginasial, no Colégio Joaquim Nabuco, em Belo Horizonte. 

Em segredo, o meu colega de carteira e parceiro de trabalhos escolares, Delcimar, se inscreveu no programa “Seu saber é pra valer”. Na tarde de segunda-feira, fui surpreendido quando ele apareceu na TV. Orgulhoso, falei para meus irmãos: “Olha o Delcimar aí, gente!”

A nossa torcida por ele foi em vão. O menino foi eliminado naquele mesmo dia, com a menor pontuação. No dia seguinte no colégio, ele era o assunto de todas as rodinhas de estudantes. 

Quando o nosso ex-quase ídolo chegou, não falou com ninguém. De cabeça baixa e andando depressa – quase correndo – foi direto para a sala, mas não escapou de ouvir vaias, ser xingado de burro e levar uns dois “cocão” na cabeça (golpe com o nó do dedo) e um chute na bunda.

Sentei-me ao lado dele na nossa carteira e, durante todo aquele dia – e o resto do ano –, ele nunca mencionou sua aparição na TV. 

[Crônica XXXVIII/2025]

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