A motorista vai instalar buzinas potentes para avisar outros condutores (Imagem gerada por IA Freepik
A motorista de Uber que me atendeu esta semana, contou (sem eu perguntar) que foi motorista de caminhão, e conhece quase todo Brasil faltando os estados do Norte e parte do Nordeste. Disse que na pandemia da Covid-19, sem carga para transportar, foi demitida e quando passou a crise mais aguda da epidemia, comprou um carro e passou a transportar passageiros atendendo duas plataformas.
Reclamou bastante dos outros motoristas, independentemente de gênero, que dirigem só pensando neles próprios, parando de repente, sem sinalizar; também não sinalizam quando vão dobrar uma esquina ou mudar de faixa. “Esses caras acham que a gente lê o pensamento deles, que pode saber o que vão fazer! Eu chamo na buzina”.
Perguntei se ninguém a xinga e ela riu. Disse que antes de atender ao meu chamado, tinha desviado de uma moto que a estava ultrapassando pela direita. “Eu buzinei e o motoqueiro me encheu de desaforos”.
A minha condutora disse estar pensando em instalar no carro dela uma buzina com som diferente. “Eu vou comprar uma buzina de caminhão… ou de navio”, depois rindo disse que pode ser também uma buzina que imita um boi berrando.
Respondi que ela vai fazer muito barulho com as buzinas e completei dizendo que a buzina do boi era a menos danosa e até ecológica. Me olhando pelo espelho retrovisor perguntou:
– O senhor quer que eu leve um tiro?
– Eu não! Por que?
– Alguns acham que quando eu buzino com o berro do boi, estou chamando o outro de corno e tem corno que não admite que tem “gaia”…
[Crônica XXXI/2025]