“Já aconteceu com você de não achar um objeto que você mesma guardou? Aqui já não foi só uma vez!” Assim começa a apresentação de uma “Personal Organizer”, profissão que eu não sabia que existia, nem se está relacionada na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações).
A seguir a personal acrescenta: “Hoje eu sei que quando isso acontece é porque provavelmente esse objeto não está no lugar adequado”.
Ora, ora, ora. Se não está no lugar é porque se perdeu e eu não sei onde foi parar, se o vi, ali, naquele lugarzinho, no outro dia.
Todos nós temos um objeto perdido. Alguns que se foram para sempre, enquanto outras coisas aparecem, como por milagre, onde você já havia olhado, pelo menos, dez vezes e não viu.
Um especialista em uma nova ciência, a findology – destinada a encontrar objetos, que eu também não sabia que existia (sou ignorante em muita coisa) – ensina que muitas vezes não é o objeto que está perdido, mas quem o procura.
Ele sugere que não se comece a procura assim que sentir falta do que se está atrás. Eu pergunto: e se você precisa sair e está atrasado, pois tem uma consulta médica, agendada com dificuldade há três meses, e a chave do carro não está pendurada no gancho das chaves atrás da porta, onde deveria estar? Calma, o cacete!
Isso tudo é porque ontem, depois de elogiar o novo layout da loja de um amigo meu, esperei em vão que ele encontrasse o talão de recibos, “que ficava em cima do balcão e agora não sei onde está depois que arrumei a loja…” Sugeri que ele mesmo fizesse um recibo no computador, imprimisse, carimbasse, para eu poder vir embora.
São Francisco de Assis, na sua famosa oração, poderia ter acrescentado “é se perdendo que se é achado”. Ou não.
[Crônica XXX/2025]