
Os pedreiros da construção aqui em frente começaram a trabalhar cedo, ouvindo moda de viola (Imagem gerada por IA Microsoft/Designer)
Acho que estava olhando para o outro lado e não vi quando acabou o feriado informal na terça-feira de carnaval, que eu conhecia desde que me entendo por gente. Trabalhei em empresas públicas e privadas, onde na sexta-feira anterior à festa de Momo os colegas despediam-se e só tornariamos a nos ver na quarta-feira de cinzas, depois do meio-dia (ou das 13 horas).
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Mesmo acordando cedo, hoje me levantei da cama como se fosse folga geral e deixei para ir à padaria às sete horas, que é o horário de funcionamento aos domingos e feriados.
Ao sair de casa, comecei a estranhar o movimento de carros nas ruas, maior que em dias em que não se trabalha. Na parada do ônibus ao lado da padaria, a fila estava normal: grande como todos os dias úteis e o estabelecimento estava aberto e ainda não eram sete horas.
Ao retornar, a Marcela estava pronta para ir trabalhar e do outro lado da rua, na construção de uma casa, os pedreiros já estavam na função, com a betoneira ligada e algum aparelho tocando música alta. Mas não era de carnaval, mas sim umas modas de viola de que eu gosto. “Chico Mineiro” fazia parte da playlist dos trabalhadores do cimento-e-cal.
Nas semanas anteriores, eu vi, durante vários dias, chamadas para matérias em que se discutia se o carnaval era feriado ou não. Não li nenhuma, pois a pauta não é nova, mas parece que agora a discussão do “não-feriado” foi universalizada.
Poucas categorias profissionais e, um ou outro pequeno empresário, não trabalharam hoje e passaram a ser exceção, como era exceção quem trabalhava no carnaval.
Será que o Brasil está mudando? Ou esse exemplo é uma coisa isolada na bagunça geral que é o nosso país?
[Crônica XXIX/2025]