
Deputado português é suspeito de furtar malas nos aeroportos e vender o conteúdo pela internet (Imagem gerada por IA Freepik)
Aqui no Brasil já soubemos de políticos pegos pela Polícia Federal com dinheiro cuja origem não podiam explicar. Esconderijos como cuecas, meias, caixa de papelão, malas de viagem, sacola de vinho, panelas, guarda-roupas, bíblias, porta CDs e mochilas são comuns no noticiário político-policial. Teve até uma apreensão de dinheiro vivo entre as nádegas de um senador.
Mas a história que estou acompanhando desde o final de janeiro acontece em Portugal. Um deputado que representa o Cíclo dos Açores na Assembleia da República está sendo investigado pela PSP (Polícia de Segurança Pública) por ser suspeito de ter furtado malas de passageiros nos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada, nos Açores.
A história parece inverossímil. O parlamentar, segundo os jornais, entrava nas áreas de bagagem dos aeroportos – onde ficam as malas em trânsito, aquelas que vão para a esteira de desembarque ou as que não foram resgatadas, escolhia algumas e as levava para o seu gabinete, as abria e vendia os produtos encontrados através de uma plataforma online de venda de roupas usadas. Havia ofertas de camisolas, calças, gravatas e chapéus. A Polícia quer saber se ele também vendia perfumes, jóias, relógios e equipamentos eletrônicos pela internet.
Enquanto a polícia vai descobrindo mais detalhes – já chegaram a uma conclusão que dezessete malas foram furtadas – fico impressionado com a cara-de-pau do sujeito, que além de vender os bens alheios, ainda usava suas prerrogativas parlamentares para fazer o envio pelos correios portugueses com desconto nos selos e envelopes.
Caso seja comprovado o crime, o deputado pode pegar até cinco anos de cadeia. Não foi preso ainda por causa da imunidade parlamentar.
Em Portugal, um deputado envolvido em crimes só perderá o mandato parlamentar após o caso transitar em julgado. Por ora, o deputado das malas já foi expulso do partido pelo qual foi eleito e passou a se sentar com a bancada dos “não-inscritos” no fundo do plenário, participando nas sessões dali.
E enquanto o inquérito não é concluído o ‘maleiro’ insulta seus pares pelas redes sociais. É a impunidade campeando aquém e além mar.
[Crônica XXXI/2025]