11 de fevereiro de 2025

Uma gangorra no banheiro do ônibus 

Por José Carlos Sá

Saí do banheiro do ônibus com. O suor pingando (Imagem gerada por IA Adobe Firefly)

Tenho o hábito, ainda adquirido quando criança, de ir ao banheiro de casa antes de sair. Mas a necessidade de tomar remédios diuréticos e a bexiga desobediente faz com que eu tenha que visitar a “casinha” com mais frequência.

Durante as viagens o problema aumenta. Os banheiros de ônibus, de rodoviárias e de restaurantes de beira de estrada sempre tiveram péssima reputação. Uns por falta de asseio de quem cuida, por falta de educação de quem usa, ou pela alta rotatividade.

Como também tenho um equilíbrio precário, procuro usar o banheiro de bordo só quando o ônibus está parado nas rodoviárias. Nas paradas mais demoradas, opto pelo sanitário dos restaurantes.

Numa viagem para a Bahia (aquela em que quase fiquei para trás) peguei um ônibus que vinha de Salvador e seguia para Caravelas. O veículo estava rodando há quase 24 horas.

Embarquei na rodoviária de Eunápolis e o ônibus seguiu para a garagem para abastecimento e manutenção. Na hora em que o mecânico retirou o depósito de dejetos para esvaziar, um garoto entrou no banheiro e fez xixi, que caiu nas costas do mecânico.

De dentro do vaso sanitário saiu uma voz irada perguntando: “Quem é esse fídeumaégua que tá mijando em riba de mim?” O susto fez com que o menino saísse correndo, procurando abrigo nos braços da mãe.

Sem pontaria

Em outra viagem, a personagem foi eu mesmo. Eu tinha bebido uma latinha de cerveja na parada e não consegui segurar a vontade de urinar antes de chegar à próxima cidade.

Fui me equilibrando até o fundo do veículo e entrei no reservado. Foi só eu abrir a braguilha e começar a verter água que o ônibus passou a transitar em um trecho esburacado da rodovia.

Não precisa dizer que eu não conseguia direcionar o fluxo para o vaso. Parecia que eu estava dentro de uma centrífuga, sem ter onde me segurar. Quando finalmente a bexiga ficou vazia, eu tinha molhado todo o cubículo, de onde saí bastante suado.

Uma colega que estava sentada na poltrona em frente a porta do banheiro, quis saber o que eu fazia lá dentro para sair com a roupa molhada de suor.

Só respondi: “Você não vai acreditar”.

[Crônica XXIX/2025]

Tags

Bahia Banheiro Público Eunápolis Viagem de ônibus Viagens 

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