05 de fevereiro de 2025

“Pau Seco”, o goleiro invencível

Por José Carlos Sá

O número “1” da camisa de Pau Seco voou longe (Imagem gerada por IA Adobe Firefly / JCarlos)

Há alguns dias comentei a história de um adolescente que morreu em decorrência do impacto de uma bolada no peito, ao defender um pênalti em um torneio no interior do Amazonas. 

Também é da região Norte esse causo que ouvi do seu Ruy Lopes, durante  uma coleta de dados hídricos, nos estudos para construção das usinas hidrelétricas do rio Madeira, lá pelos idos de 2005. 

No interior do Pará havia um goleiro famoso, que atendia pela alcunha de “Pau-Seco”, mas ele não defendia um time só. O cara era tão bom, mas tão bom, que o contratavam para os jogos importantes. Se ia ter um jogo contra um time mais forte, os cartolas buscavam – onde estivesse – o Pau-Seco para jogar aquela partida. 

Ele cobrava de “luva”, parte em dinheiro e parte em cachaça. Quando reclamavam do preço, o cara era tão presunçoso que usava aquele antigo bordão: “satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta”. Só o dinheiro. A cachaça não tinha como devolver.

Em um jogo final do torneio do beradão, numa cobrança de pênalti contra o time de Pau-Seco, o jogador adversário – também famoso pelo chute potente que tinha – se preparou e gritou para o Pau-Seco de forma desrespeitosa: “Ô ‘Graveto’, vou jogar a bola e você junto no fundo da rede!” Pau-Seco, impassível, respondeu entre dentes para não perder a concentração: “Vem ni mim, perna-de-pau!”

Os demais jogadores, o juiz e a torcida prenderam a respiração quando o potente chute foi dado. Dezenas de pares de olhos acompanharam a trajetória da bola e a viram morrer espetacularmente entre os braços e o peito de Pau-Seco, que nem se mexeu e abraçou a pelota, para que não lhe escapasse de suas mãos.

Aí vem o melhor a história. O chute foi tão forte, que quando o goleiro recebeu o impacto da bola no peito, o número “1”, de pano, que estava costurado nas costas da camisa, se soltou e foi parar em uma arbusto que tinha lá atrás do gol.

E o seu Ruy completa: “O que eu conto do Pau-Seco é verdade mesmo. Vocês ficam rindo, achando que é brincadeira, mas verdade.”

Depois da história do jovem, citada lá no começo, agora eu acredito, seu Ruy

[Crônica XXVI/2025]

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Goleiro Pará Seu Ruy Lopes Usinas do Madeira 

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