“Mumanjos com línguas de ouro” – Frutos da minha imaginação – Imagem executada pela IA Designer Microsoft
Paulo, o Apóstolo, escreveu uma frase na carta aos Coríntios que muita gente pensou que ele tivesse copiado da música ‘Monte Castelo’, de Renato Russo. Ele começou a missiva assim: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.”
Pensei nessa frase ao ler uma matéria sobre as línguas de seres não tão angelicais: as múmias. Uma reportagem da revista eletrônica Livescience, de dezembro de 2024, trouxe a descoberta, no Egito, de treze múmias antigas. O diferente nesse achado é que os corpos tinham línguas e protetores de unhas de ouro. A descoberta foi no sítio arqueológico de Oxirrinco, a 160 quilômetros ao sul do Cairo, a capital egípcia.
Os arqueólogos explicam que as múmias são do período ptolomaico (por volta de 304 a 30 a.C.) e que “os antigos egípcios colocavam línguas de ouro em múmias com a intenção de ajudar os falecidos a falar na vida após a morte, e porque acreditavam que o ouro era ‘a carne dos deuses’”.
Há uma explicação complementar dizendo que com as línguas de ouro, “os mortos poderiam falar durante o julgamento final perante Osíris, o deus egípcio responsável por julgar os mortos, garantindo-lhes acesso à vida após a morte”
A descoberta das múmias com línguas de ouro já vem acontecendo há algum tempo, pois a região de Oxirrinco tem um complexo funerário que ainda não foi totalmente explorado e que não foram encontrados pelos salteadores de túmulos que assaltaram os mausoléus ao longo dos séculos.
E voltando à pergunta do título, se a língua dos anjos fosse de ouro, talvez os homens os ouvissem e praticassem a caridade que Paulo pregava e que até hoje não aprendemos a praticar.
[Crônica XX/2025]