Um dos assuntos em destaque no boletim da CNN Brasil na quinta-feira, 9/1, foi um incidente que aconteceu na comunidade Nossa Senhora dos Navegantes, em Maués, interior do Amazonas.
Contam que um adolescente de 16 anos, disputando um torneio de pênaltis com os amigos na posição de goleiro, morreu em decorrência de uma ‘bolada nos peito’, que tomou ao defender um pênalti cobrado por um colega.
Por morar em uma comunidade distante, apenas acessível por água e com a seca que assola a Amazônia, o garoto só chegou ao hospital onze horas depois do incidente, quando já era demasiado tarde para socorrê-lo.
Maués fica distante 270 km, em linha reta, de Manaus, a capital. Destaquei a observação “em linha reta” porque a cidade só é acessível por água e pelo ar. De barco, a distância aumenta para 356 km e o tempo de viagem em um barco-recreio varia de 16 a 18 horas. O lugar onde aconteceu o fato é quase inalcançável.
“Não pega essa bola, não pega essa bola!”
Meu finado ex-sogro, seu João, contava uma história que tomou conhecimento na época em que era adolescente – década de 1940 – em Belo Horizonte.
Diz-se que dois irmãos jogavam futebol em times diferentes, um era goleiro e o outro atacante. Em uma partida decisiva, foi marcado um pênalti em favor do irmão que jogava na linha e ele mesmo foi o indicado para cobrar a “penalidade máxima”. O arco adversário era defendido pelo mano.
Ao ajeitar a bola na marca de cal, o atacante falou pro irmão:
– Não pega essa bola, não pega essa bola!
O goleiro, ciente de sua responsabilidade naquele jogo, respondeu:
– Ela [a bola] é minha!
– Não pega, tô avisando.
Ao ouvir o apito autorizativo, o jogador deu três passos para trás – olhando fixamente para o irmão – deu aquela corridinha no mesmo lugar, tomando impulso, e encheu o pé na bola. Segundos depois ouvi-se um som abafado e a torcida gritando em seguida.
O pênalti fora defendido e o goleiro estava deitado no chão abraçado com a bola à altura do peito. Os colegas dele foram comemorar a defesa e encontraram o arqueiro morto. O chute foi tão forte que a bola, ao bater no peito do cara, rompeu vários órgãos internos.
Seu João contava que o irmão que causou a morte ficou doido depois disso.
[Crônica VII/2025]