Uma das coisas que admiro nos estudiosos das épocas remotas da Terra é a imaginação. Especialmente quando se referem à Era Mesozóica, quando os dinossauros andavam por aqui, no planeta.
Em uma das conversas minhas com o amigo Normando Lira, nos perguntamos mutuamente como os pesquisadores sabem como era a aparência de um dinossauro a partir de uma vértebra? Ou como deduzir, a partir da fração de um fóssil de 5 cm², que aquele é um pedaço da unha do terceiro dedo do pé esquerdo de um dinossauro ainda desconhecido?
Os paleontólogos já deram nomes a 700 espécies dos répteis que viveram entre 230 e 65 milhões de anos e continuam achando ossadas. Até aí tudo bem. O que eu considero muito estranho é como deduzem a aparência dos bichos, como os dinos se pareciam?
Essa dúvida é um pensamento que tenho constantemente quando leio notícias sobre novas descobertas, algumas já são divulgadas com o desenho da cara do animal. No cinema, podemos dar um desconto, mas na vida real, para mim é mais difícil conceder créditos.
E venho pensando assim há muito anos, e hoje – não sei em que contexto – comentei com a professora de Pilates que já usei a estratégia de ouvir “ruído branco” para conseguir me concentrar na leitura ou trabalho em ambientes ruidosos. Ela respondeu que usa o “ruído marrom”, que são barulhos da vida urbana.
Mas a surpresa veio, na sequência da conversa, quando ela disse que gosta de ouvir “gravações das vozes dos dinossauros”! Eu parei o exercício que estava fazendo para, com todas as rugas da minha cara franzidas, perguntar: “Como é que é?!”
Então ela me mostrou no celular alguns ruídos atribuídos aos antepassados das galinhas. Para ver se era verdade (como desmentir?), pedi a voz de um Tiranossauro Rex, e ela exibiu. “Agora quero ouvir um Velociraptor” e tava lá a voz do bicho que corria muito rápido. Solicitei ainda para ouvir o som que os Pterodáctilos produziam quando sobrevoavam a presa, também fui atendido.
Perguntei qual era o portal em que estavam os sons ancestrais e, para despistar, mudei de assunto, pois já tinha esgotado todos (os três) nomes de dinossauros que sei de cor.
Agora estou escrevendo este texto pensando como a nossa imaginação é poderosa!
[Crônica VI/2025]