Eu já devia estar acostumado e não ficar surpreso com ideias e ações esquisitas de políticos. Acompanho a política em geral desde o ‘século passado’ e ainda leio sobre o que aconteceu antes que eu nascesse.
Já vi moção de aplauso para assassino, cassação de título de cidadão honorário para herói, darem nome de logradouro para torturador, lei proibindo biquíni nas praias, ou minisaias na cidade de Aparecida (SP).
A maioria dessas normas não prosperaram e outras nunca foram postas em prática, por serem inexequíveis, como aquela que determinava que os médicos prescrevessem receitas e preenchessem atestados com caligrafia legível ou a lei que proíbe fumar maconha em qualquer local público em Santa Catarina.
A novidade da semana que passou foi uma vereadora de São Paulo, que não foi reeleita, e simplesmente retirou e levou embora duas pias e um vaso sanitário, que estavam instalados no ex-gabinete que ela ocupava por duas legislaturas.
O fato só repercutiu ao divulgarem imagens do circuito interno da Câmara Municipal de trabalhadores transportando as pias e a privada em um carrinho de mão. A indignação e o ridículo do fato, fez a sem-mandato se manifestar através de nota, explicando que as louças sanitárias foram compradas e instaladas com recursos próprios e, por isso, estava levando embora o que era seu.
Para não dizerem que era uma pessoa egoísta, a ex-vereadora deixou para o seu sucessor as adaptações que fez no gabinete, que era usado como um espaço para microempreendedores, tais como: “divisória de vidro, a bancada que circunda a coluna, duas estruturas de cobogó, o teto aberto com instalações elétricas estilo industrial e dezenas de luminárias”.
Neste episódio bizarro, o que mais gostei foi da reação do vereador que vai ocupar o gabinete ‘desprivatizado’, quando soube da pilhagem. Tranquilamente, sem querer criar polêmica, respondeu ao repórter: “Vou levar um penico!”
Enquanto se apuram as responsabilidades desse caso bizarro, as despesas de reinstalação do banheiro do gabinete serão pagas pelo povo, pois a “usurpadora do trono” doou o assento sanitário e as pias de volta à Câmara, mas não as colocou nos devidos lugares.
Essa é uma opção de ilustração, oferecida pela IA do Adobe FireFly, que eu não quis jogar fora por também representar o fato que inspirou a crônica
P.S. Eu já tinha dado esse assunto por encerrado, quando vi que a (ex)vereadora que privatizou a latrina, foi expulsa do Partido Novo, ao se envolver em uma briga com outra vereadora da mesma agremiação, no banheiro da Câmara Municipal, em novembro de 2021. Então ela já tinha expertise em assuntos relacionados à vida privada. [O chiste foi involuntário]
[Crônica III/2024]