Bruxólico – A resenha de hoje
Sempre que posso, leio a respeito das lendas que povoam o imaginário popular, especialmente aquelas relacionadas às crenças e mitos trazidos pelos açorianos que vieram povoar o Sul do Brasil no século 18.
Este libreto, o “Bruxólico”, é um pouco diferente dos livros que já li. Ele conta o enredo de um game, numa transposição das personagens míticas e místicas pesquisadas pelo professor Franklin Cascaes para o mundo virtual dos jogos eletrônicos.
O autor da proeza é o multiartista Paulo Andrés, também conhecido como “Amaweks”, que juntou tradição folclórica com tecnologia.
Andrés, que é formado em história e professor de artes na rede pública, teve em casa contato com o universo ‘frankliniano’, pois os pais dele – Osmarina e Paulo Villalva – são artesãos e produzem peças em cerâmica retratando a cultura da Ilha de Santa Catarina. Além disso, o saudoso professor Peninha, era “de casa”, e Paulo absorveu toda essa carga de conhecimento e levou para a área de sua atuação. Daí surgiu o “Bruxólico”.
Passeio mítico pela Ilha
O enredo mostra a trajetória do Boi-Fantasma, que vivia com outros seres imaginários em um poço sem fundo no Pantâno do Sul – uma região da Ilha de Santa Catarina – passando por outras localidades que receberam os primeiros açorianos imigrados para o Brasil.
Do Pântano do Sul – sempre combatendo criaturas do mal, como o General Bruxólico – o Boi-Fantasma vai para o Sertão do Ribeirão, passa pela Lagoa do Peri (onde o Boitatá e a Ondina viveram uma ‘tórrida’ paixão), chega à Praia do Caldeirão.
O Boi-Fantasma também foi à Lagoa da Conceição, Costa da Lagoa, Parque do Rio Vermelho, Praia de Moçambique e de lá para o Morro da Cruz, de onde desceu para o centro e zanzou perto do Mercado público. Lá pegou carona em uma bernunça e retornou ao poço sem fundo, depois de cumprir a missão.
Nesse percurso, nosso herói virtual combateu a maldade em forma de criaturas etéreas ou outras nem tanto, como o Pregador Fariseu, um ‘kraken’ (uma espécie de lula nas lendas náuticas e que abraçavam os navios e os levava para o fundo do mar) e o Homem da TV, descrito como tendo “os olhos vidrados e microfone no pescoço”.
Como eu não tenho habilidades para jogar nem o “Jogo da Cobrinha” dos telefones da Nokia, eu me contento em ler as aventuras do Boi-Fantasma. Mas quem quiser se arriscar e desafiar as bruxas e outros fantasmas da Ilha, é só falar com o Paulo Andrés pelo endereço eletrônico amaweks.com/. Lá você pode encomendar o jogo de computador e o libreto com o enredo, que eu recomendo