17 de dezembro de 2024

Enquanto o anjo de guarda se distrai…

Por José Carlos Sá

… eu me lasco.

Quando o anjo da guarda resolve mexer no celular, fico desprotegido (Imagem gerada por IA Adobe Express)

Foi o que pensei hoje ao escapar, por pouco, de me machucar bem machucado. Estava atravessando a rua, na faixa de pedestres, com dois carros já parando, com os pisca-alertas acesos. Vi uma moto vindo, mas fiquei tranquilo. 

No último momento, não dei mais um passo e a moto passou entre os dois carros, tirando fino na minha barriga. Sem ter tempo de pensar em nenhum palavrão, só consegui gritar “obrigado!”.

Do outro lado da rua, ainda assustado, a calçada estava semibloqueada por um caminhão das lojas Koerich (“gente boa, gente nossa”), que estacionou meio na rua, meio no passeio. Eu estava passando pelo lado do veículo quando o ajudante abriu a porta, cujo deslocamento de ar eu senti. Se o meu nariz fosse grande para frente, ao invés de ser para os lados, agora eu estaria respirando pela traquéia.

Fiquei pensando, com a força que foi aberta, se a porta tivesse acertado minha cabeça, eu teria visto mais estrelas que uma convenção do PT.

Banho vestido

Um dia, quando eu trabalhava nos Correios, estava na minha faina de entregar correspondências por uma rua comercial de Belo Horizonte. Havia chovido muito antes daquela hora. 

Eu seguia pela calçada, distraído, olhando o endereço da próxima entrega, quando cheguei em frente a uma loja em que um funcionário, com um cabo de vassoura, espetava o toldo que havia em frente.

No momento em que eu passei, ele empurrou a lona e a água que estava acumulada sobre o toldo se derramou, caindo quase toda sobre a minha pessoa. O cara se assustou e eu também. Ao invés de me socorrer, buscar um pano para eu me enxugar, o desgraçado começou a rir histericamente, de forma incontrolável. 

Da minha parte, demonstrei a minha raiva xingando toda a raça dele, do mais antigo ascendente até os mais longínquos descendentes, com uma pausa especial para homenagear a progenitora dele.

Veio alguém do interior da loja, me pegou pelo braço e me afastou do idiota, perguntando se eu precisava de uma toalha etc. Dispensei e fui embora com o uniforme molhado. Por sorte, o pacote de cartas que estava na minha mão não molhou.

Continuei xingando o sujeito e o meu anjo de guarda por uns dias, até me esquecer do acontecido.

[Crônica CLXXXVI/2024]

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Anjo da guarda Belo Horizonte Correios Foquilhinhas Lojas Koerich 

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