Entre tantas notícias ruins que li e soube hoje, destaco uma das mais tristes para mim: o falecimento do escritor Dalton Trevisan, cuja obra conheci há muitos anos através de uma nota sobre o lançamento de um filme baseado em um livro seu, “Guerra Conjugal”, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, no final da década de 1970.
Fui atrás de conhecer o autor e li todos os livros dele disponíveis na biblioteca do Sesc, em Belo Horizonte, aguardando ansiosamente o lançamento de novas edições.
Gostava da linguagem coloquial que ele usava e das tramas de vida de pessoas comuns como eu. Dalton tinha a capacidade de transformar fatos corriqueiros em enredos diretos e econômicos, surpreendentes como a vida, o sexo,a solidão e o dia a dia de uma cidade qualquer.
Uma coisa que sempre me chamou a atenção foi sua insistência em manter o anonimato, não concedendo entrevistas ou permitindo que sua vida fosse exposta, ao contrário de quase todos os escritores do seu calibre. Trevisan acabou ganhando como apelido o título de uma de suas obras, “O Vampiro de Curitiba”, devido à sua aversão à publicidade.
Até para receber o Prêmio Camões 2012 – o mais importante da língua portuguesa – foi difícil para a comissão organizadora encontrá-lo, comunicar a vitória e entregar o prêmio. Na cerimônia de premiação, Trevisan foi representado pela sua editora. Depois de toda a vida misteriosa, o velório dele será aberto ao público. Como que dizendo: “Agora tanto faz”. Outra surpresa.
Mais uma grande perda para o nosso país tão carente de cabeças-boas como foi o Dalton Trevisan.
Lamento muito.