Em uma crônica em que fala do jornalismo que é praticado hoje no Brasil, o amigo Paulinho Mourão lembrou de “uma revista que sempre lia quando ia ao salão cortar o cabelo, isso por volta de 1966. Tinha 11 anos e era submetido a um tal de ‘príncipe Danilo’ semanalmente” .
A revista que o Paulinho lia, e eu também, era a Fatos & Fotos, editada pela finada Editora Bloch, entre as décadas de 1960 e 1980, e que trazia temas variados com mais fotos que texto, sendo ideal para salas de espera e salões de barbeiro e manicures.
Na segunda parte da memória, meu amigo cita o corte de cabelo “Príncipe Danilo”, que meu irmão e eu também usávamos compulsoriamente até não sei que idade. Quando li a crônica me lembrei de saber quem era esse tal de “Príncipe Danilo”.
Sempre imaginei que fosse um jovem de alta estirpe, herdeiro presuntivo da coroa de um reino europeu, e que, como muitos membros da nobreza, tinha a excentricidade de cortar os cabelos bem baixinho em cima e raspado nos lados da cabeça, que os soldados dos exércitos passaram a imitar.
Era o que eu pensava e nunca fui saber a origem real (sem trocadilho) do corte de cabelos também chamado “reco”. Mas não era nada disso.
O Danilo, que batizou o corte de cabelo, era príncipe, mas por aclamação. A nobreza dele era de outra espécie. Danilo Alvim foi jogador de futebol, tendo defendido vários clubes, se destacando quando jogava no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e segundo os cronistas da época (1940/1950), “ele era a personificação de força e elegância”, durante os jogos. O apelido foi dado pela imprensa de então.
E o corte de cabelo? Danilo Alvim adotou por toda a vida o estilo de corte que era usado no Colégio da Polícia Militar de Pernambuco, onde estudou quando morava no Recife. Sendo um jogador famoso, o corte de cabelo (que já era usado entre os militares e estudantes de escolas militares) ganhou o nome do jogador.
Eu fui adepto do corte “Príncipe Danilo” em duas fases da minha vida, ambas compulsoriamente. Quando criança e quando prestava o serviço militar. Depois, nunca mais.
/Crônica CLXI/2024/