O dia infeliz em que ganhei 10 milhões de dólares (Imagem gerada por IA Microsoft/Designer)
Meu pai sempre repetia: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia” e guardei essa máxima como orientação nessa existência. No que me diz respeito, nada que vem muito fácil significa que vai resultar em uma melhoria na minha vida.
Foi o que aconteceu com a ex-garçonete Tonda Dickerson, que recebeu como gorjeta um bilhete de loteria. Ela guardou na bolsa (talvez xingando mentalmente o freguês que deixou o papel, ao invés de alguns dólares) e dias depois se lembrou de conferir os números. Para sua surpresa, alegria e outras sensações, os números foram sorteados e ela ganhou 10 milhões de dólares! Na cotação de hoje (06/11), o equivalente a 59 milhões e 900 mil reais.
É dinheiro pra burro!
Ao invés de retirar a grana toda, Tonda optou por uma sábia decisão: receber o prêmio em parcelas anuais durante 30 anos. Isso não a livrou da inveja, do olho gordo e do mal-querer. Aliás, a vida dela desde que ganhou o prêmio se tornou um inferno, que chegava em sucessivas ondas de azar.
Ao invés de gastar o dinheiro com ostentação, cruzeiros para o Caribe ou outra dessas coisas que os novos-ricos fazem, a pobre da Tonda queimou seus milhõezinhos em advogados, se defendendo da sanha dos invejosos.
Primeiro, os colegas de trabalho entraram na Justiça querendo uma parte do prêmio, alegando que havia um combinado de que se o bilhete fosse premiado, a grana seria dividida entre eles. Não conseguiram provar o acordo e Tonda não teve que dar nada.
Depois, o cara que deu o bilhete como gorjeta, quis a parte dele, alegando perante a Justiça que havia um combinado de que se o bilhete fosse premiado, Tonda daria um carro a ele. Também não conseguiu provar essa alegação no tribunal.
Poucos anos depois, o perigo rondou Tonda dentro de casa. O ex-marido dela reapareceu, a raptou e tentou matá-la se não recebesse um resgate. A tentativa de sequestro foi frustrada, pois Tonda deu um tiro no peito do cara e o “convenceu” a chamar a ambulância.
Se você acha que a vida dela não estava nada fácil, aconteceu mais um fato para dificultar as coisas para a milionária. O “Leão” deles cresceu o olho e cobrou um milhão de dólares de impostos, pois a mulher havia criado uma empresa para gerir o dinheiro ganho. O fisco norte-americano viu nisso uma oportunidade de faturar. O Tribunal Fiscal, no entanto, sentenciou que o imposto era devido, mas não naquele montante e reduziu a pena.
Agora me diz: vale a pena ganhar uma bolada e viver nessa embuança toda? Prefiro continuar pobre a receber de presente um “cavalo de Troia”.
[Crônica CLX/2024]