Há pouco mais de um mês, a imprensa internacional divulgou que o ministério público de um dos cantões (equivalente a Estado) suíços abriu um processo criminal após uma mulher morrer em uma cápsula onde é realizado o suicídio assistido, e várias pessoas foram presas. A cápsula tem o nome apropriado de “sarco”, palavra derivada de sarcófago, que significa túmulo ou tumba.
Na Suiça o suicídio assistido é permitido desde a década de 1940, e a legislação não determina limites de idade, nem condições médicas para a realização do autoextermínio. Há apenas a exigência para que o procedimento cumpra a lei. No caso referido, o uso de nitrogênio como substância letal está sendo discutida, pois a regra só permite o uso de medicamentos previamente listados.
A empresa responsável pelo “passaporte” para o Reino de Hades, The Last Resort, diz que desde 2021 está desenvolvendo a máquina que foi usada em setembro de 2024 e funcionou. Ao que me parece, os lobistas da empresa não “amaciaram” as mãos de todas as autoridades responsáveis pela liberação do uso do Sarco.
O suicídio assistido é um assunto recorrente. Cada vez que se anuncia que alguém quer morrer por este método há um clamor e se levantam aspectos éticos, filosóficos e religiosos.
Depois todo mundo esquece o assunto e a coisa volta a acontecer, e a roda continua girando.
Há 34 anos, em 1990, quando o assunto ainda era quase novidade, publiquei n’O Guaporé, de Porto Velho (RO), a crônica abaixo.
A máquina da morte
A última novidade nos Estados Unidos é a máquina da morte. De acordo com os anúncios publicados em jornais e revistas, você passa desta vida para a melhor sem dor, sem traumas e vai para a eternidade por um preço módico e com mais uma vantagem: os herdeiros ainda podem se utilizar da máquina para seguir o antigo usuário. Outra garantia de quem vende a máquina é a satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta. Ou seja, quem aperta o “start” sabe que vai para o Criador.
O inventor da máquina de suicídio é um médico aposentado, que disse não estar cometendo nenhum crime. Há três dias, Janet Adkins, de 54 anos e que sofria do Mal de Alzheimer, apertou o botão da máquina e durante cinco minutos recebeu em suas veias uma dose de cloreto de potássio, morrendo em seguida.
As autoridades dizem que o aparelho não é ilegal, mas os anúncios promovendo a indústria do suicídio podem ser suspensos. Talvez esta máquina seja a solução para aqueles que querem se suicidar e não optaram por nenhum dos métodos tradicionais por achá-los doloridos, como cortar os pulsos, dar um tiro na cabeça ou enforcar-se.
É a evolução!
[Crônica CXLVIII/2024]