08 de outubro de 2024

Um despertar sofrido

Por José Carlos Sá

Ele tem despertadores que tocam a cada cinco minutos até acordá-lo (Imagem gerada por IA Dall-E3/Microsof)

Conheço pessoas que não têm dificuldades para dormir e também conheço pessoas que não conseguem acordar. Não conseguem porque querem passar mais uns minutinhos na cama e esticar o sonho.

Eu dificilmente perco a hora de levantar, mas não tenho despertador, pois o alarme do meu celular não funciona nem com velas e rezas para São Boomer (canonizei agora. É o protetor daqueles que não sabem mexer no smartphone). Acordo no susto, ou muito cedo ou em cima da hora.

Entre aqueles que sofrem para pular da cama assim que o relógio de cabeceira soa o alarme, ouvi uma história interessante. 

O cara tem cinco despertadores que são sincronizados de forma que cada um toque a campainha a cada cinco minutos. Ele disse que o método é cansativo, mas eficaz.

– Quando o primeiro despertador toca, eu desligo o alarme e viro para outro lado. Daí a pouco o segundo despertador dispara e eu também desarmo a campainha, dando um cochilo. Aí o terceiro toca e eu o procuro para desligar. Se não o encontro, o relógio segue tocando e eu cubro minha cabeça com o travesseiro. Mas quando o quarto despertado faz o barulhinho irritante, eu vejo que não tem jeito, preciso me levantar. Então espero o último despertador soar, para não deixar o aparelho sem serventia.

Perguntei se ele não perde os compromissos. Riu e respondeu apenas: “Quase sempre!”

Pinchando o despertador na parede

O menino pinchou o despertador na parede (Imagem gerada por IA Dall-E3)

O outro caso de pessoa difícil de sair dos braços de Morfeu ouvi da mãe dele. “Para tirar o Clóvis Eustáquio da cama para ir para a escola só faltava jogar água (eu nunca fiz, mas o meu marido jogava). Era uma dificuldade. A gente balançava ele, gritava, fazia cócegas, nada funcionava”. 

Ela contou que em um passeio à Bolívia entrou em uma loja de bugigangas e viu um despertador modelo antigo, daqueles grandes, com dois sinos em cima. Pediu ao vendedor para mostrar o funcionamento e gostou do barulho que o relógio fazia. “Duvido que o sono do ‘Taquinho’ vai resistir a essa barulheira”, pensou. 

Na segunda-feira, dia da estreia do despertador boliviano, ela ficou na cozinha preparando o café da família, aguardando o que aconteceria quando o mecanismo começasse a funcionar. De onde estava ouviu a campainha estridente tocar. Não teve nem tempo de sorrir. O barulho seguinte foi de uma pancada na parede, seguido de som de vidro quebrado e de metais se espalhando no chão.

Minha informante correu para o quarto do filho e o encontro sentado na cama, de cara amarrada. No chão, perto da parede, do outro lado do quarto, o despertador novo aos pedaços. O ‘Taquinho’ ficou irritado com o barulho para acordá-lo e se vingou jogando o despertador na parede. 

Clóvis Eustáquio continuou chegando atrasado na escola por excesso de sono.

[Crônica CXXXIX/2024] 

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Bolívia Despertador Morfeu 

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