Tenho o hábito de chegar em algum lugar onde estejam disponíveis livros para vender ou doar e verificar se alguma obra me chama a atenção. Já encontrei preciosidades nesse garimpo literário.
Foi o caso desse livro, cujo título é “Mulheres improváveis que Deus restaurou – A redenção de mulheres que impactam a nossa fé” (Editora Livraria Família Cristã, Várzea Paulista, 2023). Curioso, folheei mesmo não tendo afinidade com a literatura religiosa (inclusive os livros relacionados à minha religião).
O autor, Abraham Kuyper, que foi político (primeiro-ministro dos Países Baixos, entre 1901 e 1905), jornalista e pastor da Igreja Reformada Holandesa (calvinista), fez uma apanhado das mulheres que são citadas na Bíblia, no Velho e no Novo Testamentos, mas que exerceram papéis secundários e até de “figuração” em um cenário completamente dominado por personagens “principais” masculinos.
Entre os nomes das figurantes bíblicas, um despertou o meu interesse pela leitura desse livro: “Puá”. Ele se destacou no índice da obra, onde estão relacionados outros nomes mais comuns e que já batizaram muitas mulheres ao longo dos tempos, como Ester, Débora, Abigail, Lia, Priscila, Ana, Madalena e (a indefectível) Maria.
Há também nomes que ficaram restritos às páginas bíblicas ou nomeiam uma ou outra filha de algum fanático pelas Escrituras, como Hulda, Jeosabate, Joquebede, Dorcas (ou Tabita), Febe e Raabe.
O autor pinçou mulheres comuns, a maioria do povo, e que tiveram algum papel secundário, mas que desencadearam os processo para cumprimento das profecias.
Parteiras desobedientes
Puá era, juntamente com sua colega Sifrá, uma das parteiras das mulheres hebréias e foi convocada pelo faraó Seti I (suposto faraó da época retratada no Velho Testamento) para matar os filhos dos judeus que nascessem com o sexo masculino. “Se for filha, então viva”, registra o livro Êxodo, 1.16. O faraó temia o nascimento do “governante do povo hebreu” que estava profetizado para acontecer entre os escravizados.
Puá desobedeceu a ordem faraônica e quando nascia um “menino-homem” (como dizemos em Minas) ela ajudava a mãe a escondê-lo, o que fez com que o “povo de Deus” que estava escravizado no Egito, fosse libertado por um desses sobreviventes, o Moisés.
A edição que li do livro do holandês Kuyper tem páginas em branco para que os leitores (no caso, as leitoras) mirem nos exemplos das mulheres improváveis escolhidas por Deus e escrevam o que elas próprias fariam se fossem postas à prova, como as personagens bíblicas o foram.
Achei o livro interessante por abordar essas personagens, ao mesmo tempo secundárias e importantes no contexto histórico-religioso.