Eu assistia ao desenho animado do Homem-de-Ferro na década de 1960, mas achava o heroi muito arrogante (Ilustra Marvel Comics/Reprodução)
Sempre que vou a um determinado supermercado não deixo de visitar um quiosque onde vendem acessórios para festas e bonecos de super-heróis. Passo pelo local com um olhar comprido na direção da vitrine, em busca de algum boneco do Batman para a minha coleção.
Desde que descobri a lojinha só encontrei o Batman uma vez, mas era “repetido”, pois eu já tinha um modelo idêntico.
Ontem, ao passar por lá, dei a tradicional parada para a busca ativa do meu objetivo. Agachei (ô dificuldade) em frente à vitrine para alcançar com a visão o fundo do móvel. Inútil.
A proprietária, vendo o meu interesse, se aproximou solícita, oferecendo ajuda. Eu disse o que procurava e ela respondeu o que eu já esperava: “Os bonecos do Batman vendem bem e saem rapidamente”.
Eu aproveitei o gancho para fazer a minha entrevista e perguntei se era o modelo mais procurado. Ela disse que o campeão de vendas é o Aranha.
– As crianças se identificam com o Homem-Aranha, ele é jovem, brincalhão… Os outros personagens que saem são o Batman, o Homem-de-Ferro e a Mulher Maravilha.
– Lá em casa a minha esposa é fã do Homem-Aranha e do Homem-de-Ferro. Eu sou fã do Batman. [E em tom confidencial, continuei] Não vou com a cara do Homem-de-Ferro, não tenho simpatia nenhuma por ele ou pelo Tony Stark.
– Deve ser por que o senhor associa ele [Homem-de-Ferro/Tony Stark] ao ator que fez ele no cinema.
– O Robert Downey Jr… [Lembrei]
– É. Ele fez umas coisas erradas, talvez por isso o senhor transferiu para a personagem a antipatia pelo ator.
A minha birra com o Homem-de-Ferro vem de muito tempo (Imagem gerada por IA Dall-E3/Micrsoft)
– Não, senhora. Eu também não gosto do ator. Mas a minha antipatia pelo Homem-de-Ferro vem lá do passado, quando eu era criança e assistia aos desenhos animados dele na tevê. Começou daí a minha birra…
Ela riu e eu me despedi dizendo: “Pois é, ainda não pensei porque não gosto dele, mas uma coisa é certa. Não vou gastar dinheiro com psiquiatra para entender isso!” E ela deu uma gargalhada.
Stan Lee, onde estiver, deve ter me perdoado.
[Crônica CXXXIV/2024]