Esta semana começou com a notícia que o MEC (Ministério da Educação) pretende enviar ao Congresso Nacional uma proposta proibindo o uso de aparelhos celulares nas escolas brasileiras. O assunto já vem sendo debatido pelos parlamentares e há dezenas de projetos tramitando na Câmara e no Senado, impondo limitações variadas aos smartphones, mas não há consenso.
Em um relatório divulgado em 2023 com o título “A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?”, a Unesco alertava que “O uso da tecnologia pelos estudantes em salas de aula e em casa pode ser uma distração, prejudicando a aprendizagem”.
Essa é uma briga que vou assistir já sabendo quem vai ganhar.
Em outra frente, empresas fabricantes de telefones, já se antecipando às necessidades do mercado, lançaram os chamados “telefones burros”, na tradução literal de “dumbphones”, que é um telefone que serve para atender e fazer chamadas telefônicas! Olha só que prático!
Retiraram todas aquelas funções que você não sabe para que servem, mas que atrapalham sua vida se clicar por engano em uma delas. Em alguns dos novos velhos modelos, ainda vem o “jogo da cobrinha” como um ‘plus a mais’.
O que estou escrevendo pode parecer saudosismo, não-adaptação aos novos tempos ou ranzinzice de velho pura e simplesmente. É isso tudo e mais alguma coisa.
Faço parte da geração “baby boomers”, dos nascidos no pós-guerra, entre 1946 e 1964. Fiquei sabendo disso na semana passada. Durante aquele período de dezoito anos, o mundo evoluiu rapidamente, já que a ciência que havia sido desenvolvida na guerra para matar, era revertida em benefício da humanidade.
A aceleração do desenvolvimento tecnológico foi muito rápido e não tivemos tempo de nos adaptar às facilidades que iam aparecendo, literalmente, do dia para a noite. Só comecei a usar um computador em meu local de trabalho por volta de 1994, com toda aquela dificuldade que era recordar as combinações de teclas, também chamadas cinicamente de “atalhos”. Para escrever um simples release eu demorava horas.
Hoje consigo fazer quase tudo o que quero em um computador, mas apanho bonito ao usar um celular ou um tablet. Eu os uso para o básico: o primeiro como câmera fotográfica e para anotações rápidas, e o segundo para ler livros e jogar paciência, quando a cabeça esquenta.
O futuro já está com os jovens hábeis em teclar com os dedos polegares (das duas mãos), que nos olham como uns pobres órfãos das antigas tecnologias, homens de Neandertal, quase um fósseis tecnológicos.
Mas, como diziam em Minas, ao rogar uma praga em alguém, “Dest’á [deixa estar] jacaré, tua lagoa há de secar!” Tudo voltará ao começo.
[Crônica CXXXI/2024]