Quem nunca se desesperou quando foi surpreendido por uma crise de soluços em uma hora imprópria? No cinema, à mesa durante uma refeição, ou assistindo aquela aula importante?
Os espasmos deixam você em uma situação de impotência, especialmente quando os soluços são acompanhados por sons involuntários agudos, que chamam – imediatamente – a atenção de quem esteja por perto.
Sempre há entre os presentes alguém que conhece uma simpatia “que dá certo” para acabar com os soluços e, geralmente, o “remédio” é tão ridículo quanto o ato de soluçar.
Os bem-intencionados, primeiro, lhe dão um tremendo susto, que quase o matam do coração sem diminuir o soluço. Depois fazem beber copos d’água de todas as formas: “Bebe tudo de uma vez, sem respirar!”, “Beba a água, um gole de cada vez”, “Beba cinco goles de água, sem respirar, pensando na seguinte frase: “bebo as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Também colam um fiapo de lã com saliva na sua testa (eca!) ou seguram um copo d’água para que você beba com as suas mãos cruzadas nas costas. Pior ainda, fazem você beber o conteúdo de um copo d’água até a metade, jogar o restante em uma parede e cheirar a parede molhada! Tem coisa mais ridícula que isso? Talvez o fiapo na testa.
Em minha família, as técnicas mais usadas são: 1 – Prende a respiração e conta, vagarosamente, até dez; 2 – Beba um café bem quente. É arriscado queimar a língua e o soluço continuar.
Mas isso tudo passa a ser desnecessário a partir de agora, se for verdadeira a descoberta da bióloga, neurocientista da Universidade Vanderbilt, no Tennessee (EUA), e colunista da Folha de S. Paulo, professora Suzana Herculano-Houzel.
Em artigo publicado nesta sexta-feira, 20 de setembro, ela afirma ter descoberto a “cura para o soluço”, através de um truque que engana o cérebro e faz com que os espasmos cessem imediatamente.
A solução encontrada vai aqui transcrita, para eu não cometer erros de interpretação e botar a perder uma revelação tão importante. Porém vou suprimir as explicações científicas sobre o soluço e de como a pesquisadora chegou à solução:
“Para curar seu soluço, encha o peito de ar, e depois solte o ar de-va-ga-ri-nho e PELA BOCA, porque é assim que o núcleo parafacial assume o controle da situação e, pelo jeito, reseta o pré-Bötzinger, que para de ser inconveniente”.
Não é simples? Teste aí e depois me fale se funcionou.
P.S. “Parafacial” e “pré-Bötzinger” são neurônios cerebrais que, ao se desentenderem, provocam o soluço, diz-que a doutora Suzana.
[Crônica CXXIX/2024]