18 de setembro de 2024

Universidade YouTube

Por José Carlos Sá

Falso médico realizou cirurgia olhando com fazia no You Tube (Imagem gerada por IA Dall-E3/Microsoft)

Há alguns dias vi uma notícia (e descartei o e-mail) de que na cidade indiana de Saran um adolescente de 15 anos morreu após uma cirurgia mal sucedida para a retirada de pedra na vesícula biliar. O paciente foi levado ao hospital pelos pais por apresentar um quadro de náuseas e vômitos intensos.

Sem que a família tivesse consentido, o médico Ajit Kumar Puri iniciou uma cirurgia realizando os procedimentos operatórios acompanhando um tutorial exibido na plataforma de vídeos online YouTube. “Quando o paciente começou a apresentar sinais de alerta, o ‘autointitulado’ médico chamou uma ambulância e fugiu”, informa o jornal Hindustan Times.

Claro que deu *erda e o adolescente morreu. Descobriram que Ajit não é médico coisa nenhuma. A polícia registrou um FIR (nome do B. O. na Índia) e o procura para prendê-lo.

Medicina de ontem

Busquei essa notícia na lixeira da minha caixa postal de e-mails, pois recebi de dois amigos – Flávio Gonçalves e Normando Lira -, quase simultaneamente, um vídeo publicado no Instagram, em que um homem idoso, identificado como médico e com idade superior aos 100 anos de idade, fala da sua experiência. Ainda não consegui saber o nome dele.

Transcrevo a seguir o que o doutor falou sobre como praticava a Medicina há alguns anos: “(…) Nem aqui, nem em outro lugar existia ultrassom, nem eletrocardiograma, nada. Tinha que usar os sentidos. Tinha que olhar, apalpar, ouvir, cheirar… Tem doença que tem cheiro próprio. O urêmico, o sujeito que está com retenção de urina, que o rim está filtrando mal, fica com cheiro de urina. É um dado, né? O diabético tem cheiro de maçã. Tudo ajuda, e a vista é que ajuda mais. O hepático, que tem derramamento de bile, você vê pela pele.”

É ruim mas é bom

Eu já fui ao médico, consultá-lo sobre algum mal que me afligia, e enquanto eu falava ele consultava o Dr. Google, que também sugeriu o que deveria ser prescrito. Acredito que milhares de outras pessoas já tiveram essa mesma (triste) experiência.

Reconheço a utilidade incontestável da internet na nossa vida, nas pesquisas e na troca de informações, mas realizar uma cirurgia acompanhando um tutorial, aí já é apelar para o total falta de bom senso.

[Crônica CXXVII/2024]

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Dr. Google Flávio Gonçalves Índia Medicina Normando Lira You Tube 

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