Pediu a terceira cerveja e mais uma dose de cachaça. Ficou olhando a garrafa e os copos por longos minutos, numa abstração total, indiferente aos barulhos que o rodeavam no bar lotado de tipos como ele, deslocados de tudo e de todos. Estava sozinho na multidão.
Ao último copo de cerveja adicionou um pó cinzento que estava em um pequeno envelope de plástico retirado da carteira. Misturou bem e bebeu de um só trago. Ninguém notou que tinha se suicidado.
As notícias policiais publicadas pelos jornais no dia seguinte ignoraram a morte.
[Miniconto inédito, escrito na década de 1980]